Pôr do Sol no Alentejo

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terça-feira, 28 de janeiro de 2014




Qualquer homem se pode passar da cabeça, como aconteceu com o senhor Dom Alonso Quijano!

 Talvez eu também me esteja a passar… Passo tanto tempo, neste bendito blogue, que até parece que não tenho mais nada que fazer!




Por Sugestão do meu amigo Ricardo Fernandes comprei um maravilhoso livro de poemas de Forough Farrokhzad. Uma antologia de poemas que vem escrito em três línguas: espanhol, francês e persa com o título: Só a voz permanece.
Enviei um email para a editora “L’Oreille du Loup” a pedir o livro e em menos de uma semana já o tinha comigo. Não consigo parar de o ler! Já o li várias vezes em espanhol e em francês, em persa só posso apreciar o formato dos arabescos.
 Gosto muito da língua francesa e da sua grande literatura mas adoro a poesia dita em castelhano! Por isso copiei este poema da Forough na língua de Cervantes.   


El pecado

He pecado, he pecado llena de placer
En un abrazo cálido
He pecado entre dos brazos de hierro
Ardientes y rencorosos

En ese lugar desierto, negro y silencioso
Vi sus ojos llenos de misterio
Sus ojos suplicantes
Y bajo el pecho se agitaba mi corazón

En ese lugar desierto, negro y silencioso
Temblando me he sentado cerca de él
Sus labios han derramado el deseo en mis labios
Y he olvidado el delirio de mi corazón

Al oído, le he contado esta historia:
Te quiero mi amor
Te quiero a ti y toda tu vitalidad
Te quiero amor mío hasta la locura

El deseo ha iluminado sus miradas
El vino rojo en el vaso se puso a danzar
Sobre la suavidad del lecho, mi cuerpo ebrio
Contra su cuerpo ha temblado

He pecado, he pecado llena de placer
Cerca de un cuerpo desvanecido y trémulo
Dios mío! no sé lo que hice
En ese lugar desierto, negro y silencioso


Forough Farrokhzad

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014




            Only you

            When I'm rude
            You calm my anger.
            When I say stupid things.
            You have always forgiven me
            When I'm discouraged
            You give me courage and strength!
            When I feel lonely,
            You leave everything for me
            When I'm sad
            Your smile is contagious to me
            When I feel depressed,
            You calm my nervous
            When I get emotional and cry,
            You hug me and cry with me.
            When I am joyful and happy
            You also share my joy
            How can I complain of luck?
            When I have a lot more than luck!
            I have you...

domingo, 26 de janeiro de 2014





Parfum exotique


Quand, les deux yeux fermés, en un soir chaud d'automne,
Je respire l'odeur de ton sein chaleureux,
Je vois se dérouler des rivages heureux
Qu'éblouissent les feux d'un soleil monotone;

Une île paresseuse où la nature donne
Des arbres singuliers et des fruits savoureux;
Des hommes dont le corps est mince et vigoureux,
Et des femmes dont l'oeil par sa franchise étonne.

Guidé par ton odeur vers de charmants climats,
Je vois un port rempli de voiles et de mâts
Encor tout fatigués par la vague marine,

Pendant que le parfum des verts tamariniers,
Qui circule dans l'air et m'enfle la narine,
Se mêle dans mon âme au chant des mariniers.

 Charles Baudelaire


Perfume exótico

Quando eu a dormitar, num íntimo abandono,
Respiro o doce olor do teu colo abrasante,
Vejo desenrolar paisagem deslumbrante
Na auréola de luz d'um triste sol de outono;

Um éden terreal, uma indolente ilha
Com plantas tropicais e frutos saborosos;
Onde há homens gentis, fortes e vigorosos,
E mulher's cujo olhar honesto maravilha.

Conduz-me o teu perfume às paragens mais belas;
Vejo um porto ideal cheio de caravelas
Vindas de percorrer países estrangeiros;

E o perfume subtil do verde tamarindo,
Que circula no ar e que eu vou exaurindo,
Vem juntar-se em minh'alma à voz dos marinheiros.

Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
Tradução de Delfim Guimarães

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

pintura de Malangatana Valente

                    Saí do comboio,
                    Disse adeus ao companheiro de viagem
                    Tínhamos estado dezoito horas juntos…
                    A conversa agradável
                    A fraternidade da viagem.
                    Tive pena de sair do comboio, de o deixar.
                    Amigo casual cujo nome nunca soube.
                    Meus olhos, senti-os, marejaram-se de lágrimas...
                    Toda despedida é uma morte...
                    Sim toda despedida é uma morte.
                    Nós no comboio a que chamamos a vida
                    Somos todos casuais uns para os outros,
                    E temos todos pena quando por fim desembarcamos.
                   Tudo que é humano me comove porque sou homem.
                   Tudo me comove porque tenho,
                   Não uma semelhança com ideias ou doutrinas,
                   Mas a vasta fraternidade com a humanidade verdadeira.
                   A criada que saiu com pena
                   A chorar de saudade
                   Da casa onde a não tratavam muito bem...
                   Tudo isso é no meu coração a morte e a tristeza do mundo.
                   Tudo isso vive, porque morre, dentro do meu coração.
                   E o meu coração é um pouco maior que o universo inteiro.

                   Álvaro de Campos - Livro de Versos . Fernando Pessoa.


Os poemas de Fernando Pessoa deixam-me sempre a pensar e este não foge à regra, existiram muito poucos pessoas no mundo como Fernando Pessoa, que em tão poucas palavras me transmitam tanto! É como se o mundo inteiro coubesse dentro dos seus poemas.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014




                      Que me importa estar no mundo
                      Se não tiver o teu amor!
                      Tudo para mim fica sombrio
                      Quando estás ausente!
                      Morro de saudade quando te afastas
                      Se me faltas: falta-me a alegria, a vida, o ar…
                      Preciso de ti junto a mim.
                      Iluminas-me como o sol
                      Minha vida mergulhava num caos:
                      Se não sentisse o teu amor!
                      E toda a chama da vida em mim se extinguia!
                      Sem ti, nada me interessa!
                      Como eu necessito de ti…
                      Preciso do teu corpo, que me completa!
                      Do teu aroma, que me embriaga!
                      Da doçura dos teus beijos!
                      Da ternura dos teus abraços!
                      És a paixão da minha alma!
                      O amor da minha vida!
                      Contigo quero viver!
                      E contigo quero morrer!

terça-feira, 14 de janeiro de 2014






Desesperadamente revolto-me com esta situação, com esta  pressão! Porquê tanto pessimismo? Porquê tanta aflição? A vida está a ser difícil…Perde-se o interesse de viver!  Não! Não vamos desistir! Somos deste país! E isso significa sermos corajosos. Isso significa nunca desistir, acredito nas nossas capacidades, acredito no nosso engenho, na nossa ousadia…  No nosso ressurgir!

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014



Muito bonito este poema de Ricardo Fernandes, dedicado a alguém que oxalá o mereça!

domingo, 12 de janeiro de 2014





Ela Tinha um feitio levado da breca! Não tinha conversas de jeito! Era pedinchona até dizer chega! Era tão ignorante que até impressionava! Mas, tinha a mania que era esperta! Então porque, se inquietava ele, com a sua demora? Por que razão passava todos os dias à sua porta? Esperançoso de encontrar as janelas abertas! Ele não a amava! Mas, gostava da sua figura! Do seu corpo fantástico! Ela é do tipo que enche o olho! E tem uma particularidade que ele adora: Nos momentos íntimos... Nunca lhe diz que não…

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014




https://www.youtube.com/watch?v=ujQoUEdXr_8

Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
A outra metade é silêncio

Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Pois metade de mim é partida
A outra metade é saudade

Que as palavras que falo
Não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas como a única coisa
Que resta a um homem inundado de sentimentos
Pois metade de mim é o que ouço
A outra metade é o que calo

Que a minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que mereço
Que a tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que penso
A outra metade um vulcão

Que o medo da solidão se afaste
E o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita meu rosto num doce sorriso
Que me lembro ter dado na infância
Pois metade de mim é a lembrança do que fui
A outra metade não sei

Que não seja preciso mais do que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o seu silêncio me fale cada vez mais
Pois metade de mim é abrigo
A outra metade é cansaço

Que a arte me aponte uma resposta
Mesmo que ela mesma não saiba
E que ninguém a tente complicar
Pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Pois metade de mim é plateia
A outra metade é canção
Que a minha loucura seja perdoada
Pois metade de mim é amor
E a outra metade também

Osvaldo Montenegro

terça-feira, 7 de janeiro de 2014







Prenda de Natal
Florbela tinha uns belos e expressivos olhos castanhos, uns lábios grossos e sensuais e um nariz proporcional a um rosto lindíssimo: arredondado e gordinho. Seu corpo era gordinho mas, bem feito. Era alegre e bem-disposta. Conhecera Raul quando foi à sua oficina de reparações de electrodomésticos, há uns de dez anos atrás, quando veio viver para Portugal. A partir daí, ela e Raul ficaram amigos.
Florbela tralhou na Alemanha onde amealhou algum dinheiro que investiu na casa onde mora. Trabalha actualmente em Lisboa, num notário e no regresso antes de ir para casa, passa na oficina de Raul. Existe uma química entre ambos, Florbela tem um namorado que vive em Faro, ele de vez em quando, aparece por aí, mas, a maior parte do tempo, ela vive sozinha e é assim que gosta de estar.
Com Raul ela fala de tudo, às vezes brincam ou têm conversas brejeiras. Neste Natal algo mais surgiu entre ambos: ela veio desejar um Feliz Natal a Raul, antes de ir para a Alemanha, onde quase toda a sua família vive. Quando estavam para se despedir, abraçaram-se. Um longo abraço, depois beijaram-se, primeiro no rosto depois na boca, longamente. Grandes manifestações físicas se deram no corpo de Raul e a temperatura aumentou brutalmente, quando Florbela vagarosamente desapertou o cinto das calças de Raul e se baixou. A respiração de Raul alterou-se e tudo parou, no tempo e no espaço…


segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

DREAMS with Lisa Gerrard & Rumi (quotes)




.

Poemas de Rumi

Vem,
Te direi em segredo
Aonde leva esta dança.

Vê como as partículas do ar
E os grãos de areia do deserto
Giram desnorteados.

Cada átomo
Feliz ou miserável,
Gira apaixonado
Em torno do sol.

Ninguém fala para si mesmo em voz alta.
Já que todos somos um,
falemos desse outro modo.

Os pés e as mãos conhecem o desejo da alma
Fechemos pois a boca e conversemos através da alma
Só a alma conhece o destino de tudo, passo a passo.

Vem, se te interessas, posso mostrar-te.
Desde que chegaste ao mundo do ser,
uma escada foi posta diante de ti, para que escapasses.

Primeiro, foste mineral;
depois, te tornaste planta,
e mais tarde, animal.
Como pode isto ser segredo para ti?

Finalmente, foste feito homem,
com conhecimento, razão e fé.
Contempla teu corpo - um punhado de pó -
vê quão perfeito se tornou!

Quando tiveres cumprido tua jornada,
decerto hás de regressar como anjo;
depois disso, terás terminado de vez com a terra,
e tua estação há de ser o céu.







Daniel era filho de pai incógnito e a mãe abandonou-o recém-nascido. Viveu toda a sua vida no orfanato. Lá aprendeu a ler e a escrever e lá aprendeu também um ofício. É mecânico de automóveis.
Manuela viveu com seus pais e irmãos numa casa minúscula. Era norma lá de casa começar-se a trabalhar assim que se completava a 4º classe, mas ela como era muito magra e alta e com aspecto frágil, ninguém lhe deu emprego. Apenas seu tio decidiu torna-la sua ajudante. Levantava-se de madrugada para ir para o mercado abastecedor do peixe e depois iam fornece-lo aos vendedores das praças. Estava farta de apanhar frio e de cheirar a peixe, um dia conseguiu arranjar emprego num supermercado e vida tornou-se-lhe mais fácil.
Com 22 anos, Manuela atormentava-se com medo de ficar para tia, até que num dia conheceu Daniel. Ele também tinha 22 anos, era alto e entroncado. Manuela ficou apaixonada, foi amor á primeira vista. Ele não estava habituado a conviver com raparigas, as únicas que conhecia eram as putas do Intendente ou do Bairro Alto e mesmo com essas, ele pouco falava, pagava preço pedido e depois ia à sua vida.
Manuela apesar de tímida foi quem estabeleceu conversa, foi ela que lhe propôs que namorassem. Ele achava-a vulgar, mas apesar de ser magricela, tinha um traseiro saliente que muito o atraiu.

Acerca de mim

A minha foto
Seixal, Setúbal, Portugal