Pôr do Sol no Alentejo

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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Um povo que parte… Outros que chegam...



Sempre nos habituamos a ver Portugal como um país de emigrantes, mas Portugal também sempre recebeu imigrantes, e nos últimos trinta anos temos tido um fluxo quase continuo de pessoas que vêm de todo o mundo. Pessoas que tiveram que partir, dos seus países em busca de melhores condições de vida.
Em Portugal encontram um povo extremamente simpático com os estrangeiros que nos visitam: os turistas, mas para os imigrantes, por vezes não os compreendem muito bem. Vêem-nos como concorrentes aos empregos.
Os imigrantes são menos exigentes, não reclamam, são prestáveis e estão sempre prontos para trabalhar. Essa postura por vezes, traz-lhes alguns problemas na área do trabalho, mas não são só esses, os problemas dos imigrantes. Existem alguns obstáculos sociais de integração e por vezes alguma incompreensão e também algum preconceito.
Ao contrário do que as pessoas dizem, eles não vêm tirar o trabalho aos portugueses, eles vêm sim, é fazer os trabalhos que os portugueses não querem fazer, por serem duros, sujos, monótonos, etc.
Vêem-se os imigrantes a trabalhar nas limpezas, na construção civil, na construção das estradas, nas recolhas do lixo, nas pescas, na agricultura, etc. Vêm preencher lacunas que são muito importantes para o desenvolvimento do país. Também vêm povoar as zonas rurais, no interior do país.
Um estudo recente, verificou que os imigrantes provenientes do Brasil instalaram-se essencialmente no litoral, os imigrantes dos países do Leste europeu espalharam-se por todo o território, especialmente no interior rural, enquanto os imigrantes africanos preferem Lisboa e a zona envolvente, designada por grande Lisboa.
Os imigrantes são uma mais-valia muito importante para Portugal, significam uma nova esperança de renovação, uma nova dinâmica e um sopro de ar fresco.
Os portugueses são um povo que ao longo dos séculos têm emigrado para os quatro cantos do mundo. Um povo que depois da chegada ao destino previsto, se instalam e trabalham arduamente para proporcionar bem-estar às suas famílias, esquecendo-se por vezes, de si próprio.
A diáspora portuguesa teve início no século XVI quando os portugueses começaram a colonizar as terras que iam descobrindo. Um processo que nunca mais parou até aos dias de hoje.
Os portugueses partiam porque desejavam mudar de vida e queriam proporcionar melhores condições de vida aos seus descendentes. Quando as coisas não corriam bem, quando o espectro da fome e da miséria aparecia, partiam.



Partiam e ainda partem, silenciosamente. Partem tristes por terem que deixar tudo, mas decididamente e com algum sentimento de aventura, que provavelmente já faz parte dos genes do cidadão nacional. Rapidamente se instalam e se adaptam às novas condições. Roídos pela saudade dos que ficaram, mas firmes em construir algo de novo e em ganharem dinheiro, trabalham afincadamente e economizam. Primeiro com o intuito de voltarem, mas são poucos os que regressam. Os filhos crescem e integram-se na nova sociedade: eles próprios adoptam outras posturas culturais e ao fim de alguns anos, quando vêm de férias, sentem-se diferentes, adquiriram outros hábitos e por vezes quando regressam a Portugal, tornam-se críticos em relação à realidade portuguesa, comparando-a com o país onde vivem, essa crítica é um grito de revolta contra algo que persiste e que profana o país que eles tanto amam. É um antigo hábito português, o dizer mal e já vem de longe o “escárnio e mal dizer”. Este hábito é um verdadeiro paradoxo: se há povos apaixonados pelo seu país, o povo português, é um deles: quando algo acontece que engrandeça o país é vê-los: em casa, nas ruas e por todo o lado a festejarem a chorarem de alegria com os sucessos de Portugal. Porem, noutras ocasiões só se ouve é dizer mal de tudo e de todos, com especial relevância para crítica persistente ao país, ou seja: dizemos mal de nós próprios, porque o país, não é o governo nem as autoridades em geral, o país somos todos nós. Este é um hábito muito errado, na minha opinião. Em todas as situações existem sempre duas vertentes para ver os problemas: uma positiva e outra negativa. Devia-se escolher sempre a vertente positiva porque eleva a moral, é construtiva, é optimista, é saudável e repara e anula o que está mal: o negativismo. Infelizmente o povo português optou pelo negativismo, um caminho que nos traz grande infelicidade e que não, nos deixa prosperar e que provavelmente, nos vai incentivando a partir cada vez mais. Tem sido sempre assim. Os portugueses partem em vagas sucessivas de acordo com a realidade económica de Portugal: umas vezes partem aos milhares como aconteceu nos anos: cinquenta e sessenta, do século passado. Outras vezes, vão saindo aos poucos, como acontece no momento presente. Contudo, não são em contínuo essas partidas: Direi que partem uns milhares durante um determinado período, depois as coisas melhoram, para os que cá ficam e o fluxo pára.
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Uma das característica da Diáspora Portuguesa é manter a chama acesa e leal, para com o país, enquanto a primeira geração viver. Depois essas relações com Portugal vão-se atenuando à medida que a primeira geração vai dando lugar à segunda, que ainda mantêm algum empenho, nessas relações, que depois se transforma em vestígios muito ténues, com a terceira geração. Acabando por cessar totalmente os laços com o país ancestral, nas gerações seguintes. Tal como no poema:” Navegar é Preciso” de Fernando Pessoa os emigrantes portugueses quando partem acabam por concretizar, embora inconscientemente, o que o poeta afirma: Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: "Navegar é preciso; viver não é preciso". “Quero para mim o espírito desta frase, transformada a forma para a casar como eu sou: Viver não é necessário; o que é necessário é criar. Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo. Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha. Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade. É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça. “


                                      
Tenho para mim que este poema de Fernando Pessoa descreve a Génese do povo português. Evidentemente que quando Fernando Pessoa o escreveu, pensou que estava a escrever sobre ele próprio. Mas o seu subconsciente foi muito mais abrangente, e abarcou neste poema todo um povo.
O povo português tem povoado outros países, outras regiões, tem enriquecido muitas partes do planeta, com o seu engenho, com o seu trabalho, com a sua cultura, com a sua inteligência. Portugal efectivamente tem dado mundos ao mundo, não só no âmbito histórico das descobertas marítimas, mas também continuamente, através da sua Diáspora.


domingo, 17 de abril de 2011

Retaliações



Fiquei chocado com uma conversa que ouvi hoje. O sereno e simpático povo português está cada vez mais arrogante, casmurro, preconceituoso e xenófobo: pensei. Ouve-se cada vez mais no dia-a-dia conversas que confirmam essas questões. Contudo, assim tão directamente ainda não tinha ouvido: um respeitável ancião falando com alguma rispidez dizia para um outro homem na casa dos trinta: - Vá mas é para a sua terra! Vocês vêm para aqui para roubar os postos de trabalho aos portugueses. Por causa de vocês é que este país está como está, com tanta criminalidade, uma pessoa já não pode sair de casa à noite…, etc., - ¬¬¬com tanta barbaridade que estava ouvir e vendo o ar desolado do rapaz a quem eram dirigidos tais impropérios, não pude deixar de intervir. Pedi desculpa por me intrometer na conversa, mas aquilo que estava o ouvir tinha-me deixando perplexo. Disse-lhe que achava que ele estava muito errado em fazer aquelas acusações ao cidadão estrangeiro. Além de não serem verdade, eram também muito injustas. Tentei fazer-lhe ver que os estrangeiros não roubam o trabalho a ninguém. Quem dá o trabalho, só quer que lhe façam o trabalho: os portugueses não aparecem, não querem fazer certos trabalhos, alguém terá que os fazer. Quanto à criminalidade? Disse-lhe: existem milhares de cidadãos estrangeiros em Portugal, vivem calma e sossegadamente as suas vidinhas, mas quando algum, faz o que não deve e cai nas malhas da justiça: cai-lhe o Carmo e a Trindade em cima, Vira notícia nas primeira paginas dos jornais; é noticiado durante todo o dia na televisão e na rádio. Simplesmente por ser estrangeiro. Não podemos ir atrás da conversa dos media sejam eles da imprensa escrita ou televisiva, eles só querem polémicas, para terem audiências e vender aos anunciantes.
Então o senhor disse-me: não! Não é nada disso; eu até, nem faço caso do que dizem os jornalistas. Estes estrangeiros, é que precisam de ouvir algumas verdades e, só têm é que se calar … Eu quando vivi na Alemanha durante 15 anos! Ouvi muito… E calei-me.
Compreendi então…



sexta-feira, 15 de abril de 2011

Shalom






Shalom

 Comuniquei com um amigo distante;
Que me deu muita satisfação.
Trouxe-me ânimo  e exaltação
E vontade de o seguir adiante.


Tão solitária minha vida estava…
Com tão pouco alento.
Com falta de vontade ou talento,
Em frente à TV, dormitava!


Despertei com o seu pensar acertado
As suas palavras me fizeram ver
O quando é preciso estar despertado!


Que os deuses sejam justos contigo!
Que o sucesso brilhe, sempre no teu ser!

Shalom, meu grande amigo.


Acerca de mim

A minha foto
Seixal, Setúbal, Portugal