Pôr do Sol no Alentejo

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domingo, 30 de março de 2014

Destinos




Josefa tinha os olhos vermelhos de chorar, durante toda a noite não dormiu! Já devia de estar habituada aos maus tratos da filha às más palavras que sempre lhe ouviu.
Pela enésima vez leu a mensagem que a filha lhe mandou pelo telemóvel:
- Só tens conversas de merda no facebook com merda de gente como tu! Tás proibida de dizer a alguém que és minha mãe! Tenho desgosto de ser tua filha! Para mim tu és lixo! -
- Porque será que a minha única filha me odeia tanto? – Perguntava a si mesma pela milésima vez. 
- Dei-lhe tudo o ela queria, fiz-lhe todas as vontades desde criança, nunca mas nunca lhe faltou nada: quando era criança, teve todos os brinquedos que que quis! Ao longo da vida sempre lhe comprei roupas e calçado de marca como ela queria! Quis tirar a carta de condução, eu paguei-lhe a carta, quis um carro, eu comprei-lhe um carro ao gosto dela. Quis tirar uma licenciatura em psicologia e não teve médias para ir para as universidades do estado, eu paguei-lhe o curso numa universidade particular e sempre, sempre a tratar-me mal! Sabe Deus os sacrifícios que eu fiz por ela!
- O pai dela deixou-me tinha ela dez anos, ficou obrigado pelo tribunal a pagar uma bagatela para ajuda do sustento da filha mas nunca deu nada! Fui eu que lhe dei tudo só com o esforço do meu trabalho: vivia para ela!
Que mal fiz eu a Deus para ter tido uma vida tão cruel?
Josefa esqueceu-se momentaneamente da mensagem da filha e o seu pensamento voou para outros tempos, dando início a uma retrospectiva da sua atribulada vida.

sexta-feira, 28 de março de 2014




Simão era vendedor de material eléctrico, vendia em toda a zona sul do país mas, excepcionalmente há três meses, também fazia a zona norte, desde que o seu colega que vendia na zona norte, deixara a empresa.
Na sexta-feira passada foi convocado para uma reunião no escritório do patrão, para lhe ser apresentado o novo vendedor que iria fazer o norte do país.
 Simão gostou do seu novo colega: Alexandre, com ele iria fazer mais uma viagem pelos clientes do norte! Era necessário para apresentação do novo vendedor aos clientes.
Seguiram viagem na segunda-feira de manhã. Alexandre, conduzia a carrinha e Simão ia falando um pouco de tudo: dos clientes, de futebol, de mulheres, de anedotas e tudo o mais que lhe viesse à cabeça.
Alexandre ouvia e ria-se das piadas do colega! Não gostava lá muito de anedotas mas… Também não percebia lá muito de futebol, era do Sporting mas não sabia o nome de nenhum jogador do seu clube. De mulheres estavam mais à vontade tinha muitas amigas.
Quando o outro se cansou de falar, ele começou a falara das suas amigas da personalidade de cada uma delas, de como se vestiam e calçavam. Falou das lojas onde ele costumava comprar as suas roupas. As cores que se usavam este ano, da sua marca de perfume favorito, etc.
Simão ao princípio estava gostar de o ouvir mas, depois começou a achar que Alexandre tinha um “piquinho à azedo”  e foi evadido por pensamentos do género: Ora porra! Logo me foi calhar um paneleirote e esta noite vai dormir no mesmo quarto que eu! Vou mas é arranjar uma desculpa qualquer para ficar noutro quarto, não vou dormir no mesmo quarto deste gajo…

segunda-feira, 24 de março de 2014

In nomine Dei


Por entre uma multidão que caminha apressadamente ao longo da avenida! Segues no teu rumo, absorto do mundo à tua volta. Envolvido nos teus pensamentos: não ouves e não vês nada… Estás sozinho no mundo: tu, os teus pensamentos e Deus…

HOY ME SOBRA EL CORAZON




                
Hoy estoy sin saber yo no sé cómo  
hoy estoy para penas solamente, 
hoy no tengo amistad, 
hoy sólo tengo ansias 
de arrancarme de cuajo el corazón 
y ponerlo debajo de un zapato.
Hoy reverdece aquella espina seca, 
hoy es día de llantos en mi reino, 
hoy descarga en mi pecho el desaliento 
plomo desalentado.
No puedo con mi estrella, 
y me busco la muerte por las manos 
mirando con cariño las navajas, 
y recuerdo aquel hacha compañera, 
y pienso en los más altos campanarios 
para un salto mortal serenamente.
Si no fuera ¿por qué?... no se por qué, 
mi corazón escribiría una postrera carta, 
una carta que llevo ahí metida, 
haría un tintero de mi corazón, 
una fuente de sílabas, de adioses y regalos, 
y ahí te quedas, al mundo le diría.
Yo nací en mala luna. 
Tengo la pena de una sola pena 
que vale más que toda la alegría.
Un amor me ha dejado con los brazos caídos 
y no puedo tenderlos hacia más. 
¿No veis mi boca qué desengañada, 
que incomformes mis ojos?
Cuanto más me contemplo más me aflijo: 
cortar este dolor ¿con qué tijeras?
Ayer, mañana, hoy 
padeciendo por todo 
mi corazón, pecera melancólica, 
penal de ruiseñores moribundos.
Me sobra el corazón.
Hoy descorazonarme, 
yo el más descorazonado de los hombres, 
y por el más, también el más amargo.
No sé por qué, no sé por qué ni cómo 
me perdono la vida cada día. 
    
Um poema muito triste que fala do desespero de um homem. Conhecendo-se a vida que Miguel Hernández  viveu, compreende-se bem o desespero…
Este: hoy me sobra el corazon, é um dos poemas mais belos que já tive a oportunidade de ler e neste caso, também, de ouvir numa excelente voz que o recita magnificamente. 

sexta-feira, 21 de março de 2014



As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudade
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir
Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir
São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder
Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer
A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera
Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob a chuva
há instantes morrera
A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade

quinta-feira, 20 de março de 2014

Bem-Vinda Primavera!


Bem-Vinda Primavera! Que sejas totalmente abrangente em termos meteorológicos, sociais e políticos. Que sejas um renascer da esperança para um povo que está farto deste frio Inverno tanto o meteorológico com o político!

quarta-feira, 19 de março de 2014

Ao Meu Sonho

Ao Meu Sonho
Para ti, meu sonho.
É para ti que meu coração envia saudações.
Para teus jardins floridos
No meio da ruína de antigas construções.
Para ti meus beijos não dados,
Às primaveras cheias de cor
Onde eu me intoxicava
Com tanta paixão e tanto amor.
Para onde foi a tua vida, oh sonho meu?
Onde jaz o corpo que abracei?
Estará nos cemitérios da cidade,
Ou repousa na tumba dum rei?
Eras fogo que ardia,
Eras calor e energia.
Agora és fumaça que passa,
Roupa velha que perde a graça...
E que não envolve mais minha pele!
Não acaricia meu braço,
Não está mais em meu armário,
Não participa das coisas que faço.
Para ti, meu sonho.
É para ti que meu coração envia saudações.
Para teus jardins floridos
No meio da ruína de antigas construções.
Te envio os meus beijos,
Como num adeus, que é e não é.
Como a areia da praia,
Que aparece e some com a maré.
Não deixa que o vento sul,
Oh meu sonho, creste as flores nascidas
Ao redor de tuas ruínas...
São só o que resta de tua vida.

Poema de: Ricardo Fernandes

terça-feira, 18 de março de 2014

Silencio que se vai cantar o fado!




O Nome Que Tu Me Davas

O nome que tu me davas
Quando à noite me chamavas
Tinha o dom de uma oração
Não tinha som nem palavras
Mas quando tu me chamavas
Nunca te disse que não

Já o vi escrito na lua
Nas pedras da minha rua
E nas candeias do céu
O nome que tu me davas
Quando em silêncio cantavas
Era mais teu do que meu

Não era dor, nem bondade,
Amor, fado ou saudade,
Nem a lágrima perdida
O nome que tu me davas
Quando à noite me chamavas
Era toda a minha vida.

Poema de: João Monge
Voz de: Joana Amendoeira

domingo, 16 de março de 2014




"A saudade não está na distância das coisas, mas numa súbita fractura de nós, num quebrar de alma em que todas as coisas se afundam."
Vergílio Ferreira

quinta-feira, 13 de março de 2014

Os Indignados




74 personalidades  da política nacional querem renegociar a dívida portuguesa ! – A forma como está  a ser feita a restruturação financeira do país, é inaceitável – afirmam eles!
Pudera… Quem recebia 20 000 Euros agora recebe: 14 000. Quem recebia 14 000, agora recebe: 10 000, quem recebia 10 000 agora recebe: 7 000 euros, etc. etc.

Quando se trata de dinheirinho… Do dinheirinho descontado nas suas chorudas reformas! Esquecem as diferenças políticas e unem-se todos: os moralistas de direita, os teóricos da esquerda e os comunistas de caviar… Na defesa das suas milionárias reformas à custa do bom povo português.

terça-feira, 11 de março de 2014




Por vezes a vida está um caos! Mergulhados nos mais mórbidos pensamentos! Vive-se ou melhor sobrevive-se, empurrados como marionetas. É preciso mudar de postura, de pensamentos... A vida passa num instante!

segunda-feira, 10 de março de 2014







O mundo é como é porque nós queremos que ele seja assim. Só quando a nossa vontade muda, é que o mundo muda!

sexta-feira, 7 de março de 2014

The Doors - Albinoni's Adagio In G Minor





Jim Morrison deixou muitas saudades pela sua música, pela sua poesia, pelo seu carisma… A todos os que gostavamos dele e da sua banda: Os Doors

quinta-feira, 6 de março de 2014

O Douro é poesia...



 Sempre igual e sempre novo: fins de Fevereiro princípios de Março, toda a região do Douro cobre-se de branco e rosa, com as amendoeiras em flor: pura poesia para o espírito!

quarta-feira, 5 de março de 2014




Hoje é quarta-feira de cinzas: o 1º dia da quaresma. Este dia traz-me sempre uma nostalgia dos tempos de criança, quando vivia na aldeia onde nasci.

Neste dia celebrava-se o enterro do Carnaval! Era uma festa totalmente popular; uma cegada, que era constituída por  uma carroça puxada por um burro que transportava um boneco de palha vestido com roupas velhas, onde se destacava um enorme pénis de loiça das Caldas a sair-lhe da braguilha das calças. Havia vários figurantes: um padre, uma viúva, os cangalheiros e várias carpideira. O povo da aldeia seguia atrás do cortejo. Quando chegavam ao largo da igreja, depositam o caixote onde estava o boneco numa pira de lenha. Aí faziam uma espécie de teatro, com o pessoal todo assistir e a rir! Depois lançavam fogo ao boneco e tudo ardia com labaredas altíssimas. Claro que as bebidas e os petiscos circulavam abundantemente. Actualmente ainda se fazem muitas cegadas destas, um pouco por todo o lado, em muitas terras chamam o enterro do bacalhau.
 Na minha aldeia já não se faz o enterro do Carnaval, uma tradição que se perdeu como tantas outras... Compreende-se, os tempos são outros. A aldeia onde quase todos, éramos primos, mudou  muito e as mentalidades também.

Acerca de mim

A minha foto
Seixal, Setúbal, Portugal