Pôr do Sol no Alentejo

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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Índia terra de contrastes o Hinduísmo ( 3ª )

3ºParte (Continuação)
Objectivos da vida humana
O pensamento hindu clássico aceita os seguintes objectivos da vida humana, conhecidos como os Puruṣārthas ou "quatro objectivos da vida":
- Dharma: Seguir por um caminho certo de acordo com os códigos morais, espirituais, de justiça, etc. Dharma é o espírito divino que define tudo no universo e que existe em cada indivíduo, no seu subconsciente. O homem só precisa ouvir o seu subconsciente e seguir pelo caminho correcto.
- Artha: É a busca da riqueza guiada pelo Dharma. As pessoas não devem procurar a riqueza pela riqueza em si, mas com o intuito de ajudar sua família e a sociedade a alcançar o bem-estar. O desejo de riqueza é diferente da ganância de riqueza. O primeiro é altruísta enquanto o segundo é egoísta. Acumular riqueza para a família e bem-estar próprio não é pecado porém de forma honesta. O Hinduísmo defende a moderação na busca pelas metas materiais e espirituais.
- Kama: Está relacionado com desejo sexual. O sexo, segundo o hinduísmo, é uma parte importante da vida humana mas a luxúria não. A luxúria, assim como o orgulho e a ganância são um dos maiores obstáculos no caminho espiritual. A actividade sexual é permitida desde que não entre em conflito com os princípios do dharma.
Kama também pode ser entendido como outras formas de prazer e divertimento. Alegrias da família, satisfação intelectual.
- Moksha: É a libertação. O Dharma, Artha e Kama são preparatórios para esse objectivo final. Moksha significa ausência de delírio. Uma pessoa chega à libertação quando consegue o auto controle, a superação dos desejos, a entrega a Deus. Há vários caminhos que levam à salvação e os principais são: o Conhecimento, a Acção, a Devoção e a Renúncia.
Karma e Samsara
Karma pode ser traduzido literalmente como a "acção", e pode ser descrito como a "lei moral de causa e efeito". De acordo com os Upanixades um indivíduo, conhecido como o “jiva-atma”, (alma individual) desenvolve samskaras (impressões) a partir das acções, sejam elas físicas ou mentais. O linga sharira, um corpo mais subtil que o físico, porém menos subtil que a alma, armazena as impressões, e lhes carrega à vida seguinte, estabelecendo uma trajectória única para o indivíduo. Assim, o conceito de um karma infalível, neutro e universal, relaciona-se intrinsecamente à reencarnação, assim como à personalidade, característica e família de cada um. O karma une os conceitos de livre-arbítrio e destino.
O ciclo de acção, reacção, nascimento, morte e renascimento é um contínuo, chamado de Samsara. A noção de reencarnação e karma é uma premissa forte do pensamento hindu. O Bagavadguitá, ("Canção de Deus", texto religioso hindu) afirma que:
- Assim como uma pessoa veste roupas novas e deita fora as roupas velhas e rasgadas, uma alma reencarnada entra num novo corpo material, abandonando o antigo.
- O Samsara (o fluxo incessante de renascimentos) dá prazeres efémeros, que levam as pessoas a desejarem o renascimento para gozar dos prazeres de um corpo perecível. No entanto, acredita-se que escapar do mundo do Samsara através do Moksha (fim do ciclo de renascimentos e morte) assegura felicidade e paz duradouras. Acredita-se que depois de diversas reencarnações um Atman eventualmente procura a união com o espírito cósmico (Brama/Paramatman).
- A meta final da vida, referida como Moksha, é compreendida de diversas maneiras: como uma realização da união do Homem com Deus; como a realização da unidade de toda a existência; como a abnegação total e conhecimento perfeito do próprio Eu; como o alcance de uma paz mental perfeita; e como o desprendimento dos desejos mundanos. Tal realização liberta o indivíduo do Samsara e termina com o ciclo de renascimentos.
Yoga
Qualquer que seja a maneira na qual o hindu defina a meta da sua vida, existem diversos métodos (yogas) que os sábios ensinaram para se atingir aquela meta. Textos dedicados ao ioga incluem o Bagavadguitá (Bhagavad Gita), os Yoga Sutras, o Hatha Yoga Pradipika, a Gheranda Samhita, entre outros, e, como sua base filosófico/histórica, os Upanixades. Os caminhos que um indivíduo pode seguir para atingir a meta espiritual da vida (Moksha ou Samadhi) incluem:
Bakti-Yoga (Bhakti Yoga, o caminho do amor e da devoção)
Karma-Yoga (Karma Yoga, o caminho da acção correcta)
Raja-Yoga (Rāja Yoga, o caminho da meditação)
Jnana-Yoga (Jñāna Yoga, o caminho da sabedoria)

domingo, 5 de dezembro de 2010

Índia terra de contrastes - O Hinduísmo ( 2ª )

O Hinduísmo é uma religião que se originou na Índia. Entre as suas raízes está a religião védica cuja origem dizem vir do tempo da idade do ferro e como tal, o hinduísmo é citado frequentemente como uma das religiões mais antigas do mundo. O Hinduísmo engloba o Bramanismo com a sua panóplia de divindades; a crença no "Espírito Universal"; e um sistema, ordenado por castas. É formado por diferentes tradições e não possui um fundador. Existem vários tipos de Hinduísmo, várias visões do Hinduísmo, várias denominações, que tudo somado, fazem do Hinduísmo a terceira maior religião do mundo logo a seguir ao Cristianismo e ao Islamismo, com aproximadamente um bilião de fiéis.
As escrituras Hindus dividem-se em Shruti "revelado" e Smriti "lembrado". Estas escrituras discutem a teologia, filosofia e a mitologia Hindu, e fornecem informações sobre a prática do dharma (vida religiosa). Estes textos: os Vedas e os Upanixades possuem a primazia na autoridade, devido à sua antiguidade.
Os hindus acreditam num espírito supremo cósmico, que é adorado de muitas formas e, é representado por divindades individuais.
A teologia Hindu fundamenta-se no Trimurti: uma trindade constituída por Brama, Shiva e Vishnu. Tradicionalmente o culto directo aos membros da Trimurti é relativamente raro em vez disso, prestam culto aos avatares, que são manifestações corporais da divindade suprema: Brama. Os avatares, são mais específicos e mais próximos da realidade cultural e psicológica dos praticantes.
Definições do hinduísmo
O hinduísmo não tem um "sistema unificado de crenças, codificado numa declaração de fé ou um credo", mas sim uma doutrina que engloba a pluralidade de fenómenos religiosos que se originaram e são baseados nas tradições védicas.
O hinduísmo é uma corrente religiosa que evoluiu organicamente através dum grande território marcado por uma diversidade ética/cultural significativa. Esta corrente evoluiu tanto através da inovação interior como pela assimilação de tradições ou cultos externos ao próprio hinduísmo. O resultado foi uma variedade enorme de tradições religiosas. Temas proeminentes nas crenças hindus são: o Dharma:práticas dentro da ética hindu; Samsara: o contínuo ciclo do nascimento, morte e renascimento; O karma: acção e consequente reacção; O Moksha: fim do ciclo de renascimentos e morte: a libertação do Samsara e os diversos Yogas: caminhos ou práticas.
Conceito de Deus
A crença prevalecente do Hinduísmo é que há apenas uma única deidade Suprema e Absoluta, chamada Brama. Contudo, o Hinduísmo está normalmente associado com uma multiplicidade de formas de adoração a Deus, e não dá preferência a nenhuma forma particular sobre outra. As formas de deuses e deusas no Hinduísmo são milhares, e representam sempre, os múltiplos aspectos do Brama. Todos os inumeráveis nomes e formas de Brama constituem o que é conhecido no Ocidente como politeísmo, mas Deus é somente um e um só. De modo semelhante como Nossa Senhora tem muitos nomes e atributos no Cristianismo Católico, e mesmo assim é a única e a mesma, assim também é a forma como um hindu vê Deus.
As mais famosas formas das Deidades Hindus são, sem dúvida, o Trimurti (também conhecida como trindade Hindu), onde está Brama: o criador; Vishnu: o conservador, e Shiva: o transformador ou destruidor. As Deidades indianas são representadas por uma enormidade de imagens e ídolos, simbolizando o poder Divino. Muitos destes ídolos estão alojados em templos de incomparável beleza e grandiosidade, mas a grande maioria está nas casas das pessoas, e são oratórios familiares.
Devas e Avatares
As escrituras hindus referem-se a entidades celestiais chamadas "devas" na sua forma feminina que pode ser traduzido como "deusas" ou "seres celestiais". Na mitologia hindu os devas equivalem aos anjos do Cristianismo. Os devas são uma parte integrante da cultura hindu, e foram retratados na arte, na arquitectura e através de ícones e histórias mitológicas. Eles estão relatadas nas escrituras da religião e, particularmente na poesia épica indiana.
Os épicos hindus relatam diversos episódios da descida de Deus à Terra em várias formas corpóreas para restaurar o dharma e guiar os humanos ao Moksha. Eles transcendem para a criação material e assumem o nome de Avatar. Os avatares são encarnações do Ser Supremo, normalmente Vishnu.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Índia terra de contrastes ( 1ª )


A Índia: lar de civilizações. Sempre foi identificada pela sua riqueza comercial e cultural ao longo dos séculos. Essa vasta região que hoje faz parte da Índia foi invadida e dominada por vários povos, que lhe conferiram uma identidade muito própria. A última potência dominante foi a Reino Unido, mas tornou-se independente em 1947, após uma longa luta pela independência que foi marcada pela filosofia da não-violência. A dominação Britânica teve a virtude de unir os vários reinos numa só nação. Dividindo-a mais tarde, um pouco antes da independência, em duas grandes nações: a Índia e o Paquistão, por disputas religiosas inconciliáveis.
História
A Índia foi o berço de uma grande civilização. Está localizada ao sul da Ásia e devido á sua situação geográfica, durante longo tempo ficou isolada dos outros povos.
Na antiguidade entre os povos que habitavam a região que hoje faz parte a Índia, sobressaíram os Drávidas, um povo com um elevado grau de civilização. Porém, esse povo não resistiu aos invasores e, entre 1750 a 1400 a.C., foi dominado por tribos Arianas vindas do norte que invadiram e dominaram toda aquela região.
Os Arianos fixaram-se como classe dominante no poder e dividiram os povos da antiga Índia por castas de acordo com a cor da pele. As castas eram classes sociais muito rígidas, sem possibilidades de mudança. Era proibido, por exemplo, a uma pessoa de uma casta casar-se com outra de casta diferente. Quem nascia numa casta permanecia nela até morrer.
As castas estavam ligadas à religião e às diferentes profissões. Acreditavam que as castas saíram do corpo de Deus que ali se chama Brama.
As castas permaneciam fixas, sempre na mesma posição social. Qualquer desrespeito a uma casta superior era punido com a expulsão do indivíduo da sua casta ou rebaixamento para a condição de pária. Uma vez expulso, era submetido aos trabalhos mais humilhantes e era considerado um impuro ou pária.
Era hábito, os hindus banharem-se nas águas do rio Ganges, o rio sagrado! Mas os párias estavam proibidos de o fazer, e de frequentar os templos e até de ler os ensinamentos sagrados.
Todos esses preceitos continuam em voga nos dias de hoje! Ou seja, apesar do sistema de castas ter sido proibido por lei, ele continua nos dias de hoje a fazer-se sentir na sociedade indiana.

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