Pôr do Sol no Alentejo

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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Índia terra de contrastes o Hinduísmo ( 3ª )

3ºParte (Continuação)
Objectivos da vida humana
O pensamento hindu clássico aceita os seguintes objectivos da vida humana, conhecidos como os Puruṣārthas ou "quatro objectivos da vida":
- Dharma: Seguir por um caminho certo de acordo com os códigos morais, espirituais, de justiça, etc. Dharma é o espírito divino que define tudo no universo e que existe em cada indivíduo, no seu subconsciente. O homem só precisa ouvir o seu subconsciente e seguir pelo caminho correcto.
- Artha: É a busca da riqueza guiada pelo Dharma. As pessoas não devem procurar a riqueza pela riqueza em si, mas com o intuito de ajudar sua família e a sociedade a alcançar o bem-estar. O desejo de riqueza é diferente da ganância de riqueza. O primeiro é altruísta enquanto o segundo é egoísta. Acumular riqueza para a família e bem-estar próprio não é pecado porém de forma honesta. O Hinduísmo defende a moderação na busca pelas metas materiais e espirituais.
- Kama: Está relacionado com desejo sexual. O sexo, segundo o hinduísmo, é uma parte importante da vida humana mas a luxúria não. A luxúria, assim como o orgulho e a ganância são um dos maiores obstáculos no caminho espiritual. A actividade sexual é permitida desde que não entre em conflito com os princípios do dharma.
Kama também pode ser entendido como outras formas de prazer e divertimento. Alegrias da família, satisfação intelectual.
- Moksha: É a libertação. O Dharma, Artha e Kama são preparatórios para esse objectivo final. Moksha significa ausência de delírio. Uma pessoa chega à libertação quando consegue o auto controle, a superação dos desejos, a entrega a Deus. Há vários caminhos que levam à salvação e os principais são: o Conhecimento, a Acção, a Devoção e a Renúncia.
Karma e Samsara
Karma pode ser traduzido literalmente como a "acção", e pode ser descrito como a "lei moral de causa e efeito". De acordo com os Upanixades um indivíduo, conhecido como o “jiva-atma”, (alma individual) desenvolve samskaras (impressões) a partir das acções, sejam elas físicas ou mentais. O linga sharira, um corpo mais subtil que o físico, porém menos subtil que a alma, armazena as impressões, e lhes carrega à vida seguinte, estabelecendo uma trajectória única para o indivíduo. Assim, o conceito de um karma infalível, neutro e universal, relaciona-se intrinsecamente à reencarnação, assim como à personalidade, característica e família de cada um. O karma une os conceitos de livre-arbítrio e destino.
O ciclo de acção, reacção, nascimento, morte e renascimento é um contínuo, chamado de Samsara. A noção de reencarnação e karma é uma premissa forte do pensamento hindu. O Bagavadguitá, ("Canção de Deus", texto religioso hindu) afirma que:
- Assim como uma pessoa veste roupas novas e deita fora as roupas velhas e rasgadas, uma alma reencarnada entra num novo corpo material, abandonando o antigo.
- O Samsara (o fluxo incessante de renascimentos) dá prazeres efémeros, que levam as pessoas a desejarem o renascimento para gozar dos prazeres de um corpo perecível. No entanto, acredita-se que escapar do mundo do Samsara através do Moksha (fim do ciclo de renascimentos e morte) assegura felicidade e paz duradouras. Acredita-se que depois de diversas reencarnações um Atman eventualmente procura a união com o espírito cósmico (Brama/Paramatman).
- A meta final da vida, referida como Moksha, é compreendida de diversas maneiras: como uma realização da união do Homem com Deus; como a realização da unidade de toda a existência; como a abnegação total e conhecimento perfeito do próprio Eu; como o alcance de uma paz mental perfeita; e como o desprendimento dos desejos mundanos. Tal realização liberta o indivíduo do Samsara e termina com o ciclo de renascimentos.
Yoga
Qualquer que seja a maneira na qual o hindu defina a meta da sua vida, existem diversos métodos (yogas) que os sábios ensinaram para se atingir aquela meta. Textos dedicados ao ioga incluem o Bagavadguitá (Bhagavad Gita), os Yoga Sutras, o Hatha Yoga Pradipika, a Gheranda Samhita, entre outros, e, como sua base filosófico/histórica, os Upanixades. Os caminhos que um indivíduo pode seguir para atingir a meta espiritual da vida (Moksha ou Samadhi) incluem:
Bakti-Yoga (Bhakti Yoga, o caminho do amor e da devoção)
Karma-Yoga (Karma Yoga, o caminho da acção correcta)
Raja-Yoga (Rāja Yoga, o caminho da meditação)
Jnana-Yoga (Jñāna Yoga, o caminho da sabedoria)

domingo, 5 de dezembro de 2010

Índia terra de contrastes - O Hinduísmo ( 2ª )

O Hinduísmo é uma religião que se originou na Índia. Entre as suas raízes está a religião védica cuja origem dizem vir do tempo da idade do ferro e como tal, o hinduísmo é citado frequentemente como uma das religiões mais antigas do mundo. O Hinduísmo engloba o Bramanismo com a sua panóplia de divindades; a crença no "Espírito Universal"; e um sistema, ordenado por castas. É formado por diferentes tradições e não possui um fundador. Existem vários tipos de Hinduísmo, várias visões do Hinduísmo, várias denominações, que tudo somado, fazem do Hinduísmo a terceira maior religião do mundo logo a seguir ao Cristianismo e ao Islamismo, com aproximadamente um bilião de fiéis.
As escrituras Hindus dividem-se em Shruti "revelado" e Smriti "lembrado". Estas escrituras discutem a teologia, filosofia e a mitologia Hindu, e fornecem informações sobre a prática do dharma (vida religiosa). Estes textos: os Vedas e os Upanixades possuem a primazia na autoridade, devido à sua antiguidade.
Os hindus acreditam num espírito supremo cósmico, que é adorado de muitas formas e, é representado por divindades individuais.
A teologia Hindu fundamenta-se no Trimurti: uma trindade constituída por Brama, Shiva e Vishnu. Tradicionalmente o culto directo aos membros da Trimurti é relativamente raro em vez disso, prestam culto aos avatares, que são manifestações corporais da divindade suprema: Brama. Os avatares, são mais específicos e mais próximos da realidade cultural e psicológica dos praticantes.
Definições do hinduísmo
O hinduísmo não tem um "sistema unificado de crenças, codificado numa declaração de fé ou um credo", mas sim uma doutrina que engloba a pluralidade de fenómenos religiosos que se originaram e são baseados nas tradições védicas.
O hinduísmo é uma corrente religiosa que evoluiu organicamente através dum grande território marcado por uma diversidade ética/cultural significativa. Esta corrente evoluiu tanto através da inovação interior como pela assimilação de tradições ou cultos externos ao próprio hinduísmo. O resultado foi uma variedade enorme de tradições religiosas. Temas proeminentes nas crenças hindus são: o Dharma:práticas dentro da ética hindu; Samsara: o contínuo ciclo do nascimento, morte e renascimento; O karma: acção e consequente reacção; O Moksha: fim do ciclo de renascimentos e morte: a libertação do Samsara e os diversos Yogas: caminhos ou práticas.
Conceito de Deus
A crença prevalecente do Hinduísmo é que há apenas uma única deidade Suprema e Absoluta, chamada Brama. Contudo, o Hinduísmo está normalmente associado com uma multiplicidade de formas de adoração a Deus, e não dá preferência a nenhuma forma particular sobre outra. As formas de deuses e deusas no Hinduísmo são milhares, e representam sempre, os múltiplos aspectos do Brama. Todos os inumeráveis nomes e formas de Brama constituem o que é conhecido no Ocidente como politeísmo, mas Deus é somente um e um só. De modo semelhante como Nossa Senhora tem muitos nomes e atributos no Cristianismo Católico, e mesmo assim é a única e a mesma, assim também é a forma como um hindu vê Deus.
As mais famosas formas das Deidades Hindus são, sem dúvida, o Trimurti (também conhecida como trindade Hindu), onde está Brama: o criador; Vishnu: o conservador, e Shiva: o transformador ou destruidor. As Deidades indianas são representadas por uma enormidade de imagens e ídolos, simbolizando o poder Divino. Muitos destes ídolos estão alojados em templos de incomparável beleza e grandiosidade, mas a grande maioria está nas casas das pessoas, e são oratórios familiares.
Devas e Avatares
As escrituras hindus referem-se a entidades celestiais chamadas "devas" na sua forma feminina que pode ser traduzido como "deusas" ou "seres celestiais". Na mitologia hindu os devas equivalem aos anjos do Cristianismo. Os devas são uma parte integrante da cultura hindu, e foram retratados na arte, na arquitectura e através de ícones e histórias mitológicas. Eles estão relatadas nas escrituras da religião e, particularmente na poesia épica indiana.
Os épicos hindus relatam diversos episódios da descida de Deus à Terra em várias formas corpóreas para restaurar o dharma e guiar os humanos ao Moksha. Eles transcendem para a criação material e assumem o nome de Avatar. Os avatares são encarnações do Ser Supremo, normalmente Vishnu.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Índia terra de contrastes ( 1ª )


A Índia: lar de civilizações. Sempre foi identificada pela sua riqueza comercial e cultural ao longo dos séculos. Essa vasta região que hoje faz parte da Índia foi invadida e dominada por vários povos, que lhe conferiram uma identidade muito própria. A última potência dominante foi a Reino Unido, mas tornou-se independente em 1947, após uma longa luta pela independência que foi marcada pela filosofia da não-violência. A dominação Britânica teve a virtude de unir os vários reinos numa só nação. Dividindo-a mais tarde, um pouco antes da independência, em duas grandes nações: a Índia e o Paquistão, por disputas religiosas inconciliáveis.
História
A Índia foi o berço de uma grande civilização. Está localizada ao sul da Ásia e devido á sua situação geográfica, durante longo tempo ficou isolada dos outros povos.
Na antiguidade entre os povos que habitavam a região que hoje faz parte a Índia, sobressaíram os Drávidas, um povo com um elevado grau de civilização. Porém, esse povo não resistiu aos invasores e, entre 1750 a 1400 a.C., foi dominado por tribos Arianas vindas do norte que invadiram e dominaram toda aquela região.
Os Arianos fixaram-se como classe dominante no poder e dividiram os povos da antiga Índia por castas de acordo com a cor da pele. As castas eram classes sociais muito rígidas, sem possibilidades de mudança. Era proibido, por exemplo, a uma pessoa de uma casta casar-se com outra de casta diferente. Quem nascia numa casta permanecia nela até morrer.
As castas estavam ligadas à religião e às diferentes profissões. Acreditavam que as castas saíram do corpo de Deus que ali se chama Brama.
As castas permaneciam fixas, sempre na mesma posição social. Qualquer desrespeito a uma casta superior era punido com a expulsão do indivíduo da sua casta ou rebaixamento para a condição de pária. Uma vez expulso, era submetido aos trabalhos mais humilhantes e era considerado um impuro ou pária.
Era hábito, os hindus banharem-se nas águas do rio Ganges, o rio sagrado! Mas os párias estavam proibidos de o fazer, e de frequentar os templos e até de ler os ensinamentos sagrados.
Todos esses preceitos continuam em voga nos dias de hoje! Ou seja, apesar do sistema de castas ter sido proibido por lei, ele continua nos dias de hoje a fazer-se sentir na sociedade indiana.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Paradigmas



O Paradigma Conservador
O paradigma conservador ou pluralista caracteriza-se pela existência de grande quantidade de meios de informação, com múltiplos opiniões e que concorrem entre si no mercado da informação.
Há a tendência dos mais ricos e maiores, comprarem os mais pequenos, formando desse modo, grandes empresas.
Com essa concentração de meios, criam um desequilíbrio, acabando por dominarem o mercado. Apesar disso e de compreenderem bem a situação.
São de opinião que: mesmo que a posse, dos meios de informação esteja concentrada, e dessa maneira, a sua mensagem possa ser deturpada a favor dos seus interesses, não deixa de ser uma forma de estar no mercado, onde é possível aos outros também poderem estar. E que, os outros, apesar de não serem tão poderosos e, sem poderem chegar ao mesmo nível de audiências, têm contudo, sempre alguns meios de o fazerem.

O Paradigma Liberal
O paradigma liberal caracteriza-se como a forma, em que aos mass media são usados, como instrumento de propaganda da classe dominante. Tendo em vista a sua continuação e a perpetuação do seu poder.
Sendo os órgãos de informação propriedade de um pequeno grupo dentro das esferas do poder. Usam os media como forma de controlar e instruir à sua maneira, a opinião pública.
Esta forma de democracia em que o controlo da opinião pública é feito de cima para baixo, é uma característica dos regimes militarizados.
Têm como oposição as esferas intelectuais que tentam desmascarar esta forma de democracia.

O paradigma Marxista
Para os marxistas a influencia dos mass media sobre as populações tem a ver com o grau de politização das pessoas.
Dizem os marxistas que quando existe uma tradição e cultura de classe trabalhadora, a propaganda da classe dominante ou do Estado, promovido pelos media tem um efeito muito fraco, porque as populações estão esclarecidas e sabem analisar as informações que recebem da comunicação social.
Dão exemplos de alguns países como os Estados Unidos, onde a população é altamente influenciada pelos media, por não terem nenhuma consciência de organização de classes ou de luta de classes.
No lado oposto exemplificam vários países da América do Sul, onde as organizações de classes, e a luta de classes é bem patente, como o recente caso da Venezuela onde, os mass media se opunham ao presidente Hugo Chaves, líder populista da Venezuela e que, apesar de ter a maioria dos media contra ele, ganhou sempre em todas as eleições, com largas maiorias.
As acções sociais, a favor das classes mais pobres, que são a maioria da população, trouxe uma consciência de classe e, uma mobilização de massas que era impossível ser corrompida, pelas ideias conservadoras dos media.

Os paradigmas da informação em Portugal
A situação portuguesa, em meu entender, corresponde ao paradigma conservador.
Embora considere, que não haja grande concentração dos media, em Portugal, há contudo, alguns grupos concentrados, que concorrem entre si, e que ditam a informação de acordo com os seus critérios, mas creio que a tendência é para uma maior concentração.
Acho que uma parte muito importante da população portuguesa, não se deixa levar facilmente, por qualquer propaganda dos media. Têm as sua convicções e opiniões sobre determinado assunto e não há nada que as demova.
Fazendo fé nos especialista ou cientistas sociais, que fazem a análise, quanto ao poder e relação dos mass media com a opinião pública em paradigmas: Conservador, Liberal e Marxista, diria que em Portugal, há um paradigma conservador, com alguns resquícios de marxismo.
Ou então, levando em conta o nosso passado recente, com a revolução do 25 de Abril, em que ouve grande consciencialização das massas populares, dos direitos dos trabalhadores, com uma constituição progressista, talvez em Portugal, em relação aos media, existisse o paradigma marxista, mas que ao longo destes 36 anos tem vindo a extinguir-se.

A televisão ao jantar e não só!


Há alguns anos atrás, em minha casa, recebi a visita de uns primos que já não via há alguns anos. Enquanto estivemos á espera do jantar estivemos a conversar animadamente. Fomos jantar e continuamos a conversar, entretanto, eu ou a minha mulher, um de nós lembrou-se de ligar a televisão.
A partir dessa altura acabou-se o convívio, calamo-nos e ficamos vidrados, no que a televisão transmitia. Cada vez que iniciávamos uma conversa sobre qualquer assunto, a conversa ficava a meio, porque a nossa atenção inevitavelmente ia para o que estava a dar na televisão. Todo o serão decorreu dessa maneira. Quando os meus primos se foram embora, comentei com a minha mulher essa situação, e combinamos a partir daí nunca mais ligarmos a televisão quando tivéssemos visitas. Claro às vezes quando é conveniente, isto é, quando temos visitas em que não há assuntos para falar, ou quando a conversa não nos interessa, nós ligamos a televisão, sempre vai servindo para comentar um ou outro assunto que esteja a ser transmitido pela televisão.
A televisão é um meio de comunicação maravilhoso. Com a televisão nós podemos viajar por todo o mundo, conhecer a vida animal, podemos ver filmes, saber o que se passa pelo mundo, podemos estar a par dos produtos que aparecem no mercado, através da publicidade, e tantas outras coisas que nós podemos usufruir através da televisão. Quando temos pessoas idosas em nossa casa sabemos bem, como seria aborrecida e monótona vida delas sem televisão. Ou quando temos crianças em casa, a televisão com os seus programas próprios para crianças, consegue mantê-las sossegadas enquanto vêem a televisão. Graças a Deus existe a televisão, o Mundo, sem televisão seria muito mais aborrecido e muito mais ignorante sem esse objecto maravilhoso que se chama televisão.
Tem Magia a Televisão. Sempre gostei muito de televisão e continuo a gostar. Como já o disse numa outra abordagem. Através dos vários canais que a televisão transmite, nós de acordo com os nossos gostos, podemos escolher vários tipos de programas. Claro para quem tem televisão por cabo, porque quem a não tem, aí a escolha já é infinitamente menor. Se na realidade a minha ideia em relação à televisão, de uma forma global é positiva, no entanto também há alguns aspectos que eu considero muito negativos.
Com mais de quarenta anos a separar-nos e, dentro de uma realidade totalmente diferente, não deixo de concordar em alguns pontos, com Fernando Namora, quando ele dizia que a televisão era uma arma terrível de contágio para proceder a uma lavagem dos cérebros com o único objectivo de embrutecer as gentes.
Fazendo essa afirmação dentro de um contexto, em que comparava a televisão de países como a França, a Itália e a Suíça. Países esses, que ele considerava serem os únicos em que se respeitava de algum modo o espectador. É evidente que estas afirmações foram feitas em 1966, altura em que o antigo regime usava e abusava da televisão, como meio de propaganda política. Fernando Namora sabia-o muito bem, e mão teve nenhum pejo em afirmar que, a televisão que ia para o ar nessa altura, no nosso país, era um incitamento à estupidez e à mediocridade. Apesar da distancia dos anos, continua actual o que dizia Fernando Namora. Só que agora o incitamento à estupidez e à mediocridade, não é com intuitos políticos mas sim com objectivos comerciais.
Quem tem apenas os canais livres de televisão, assiste a um despique constante pelos níveis de audiência, em que tudo é possível desde que atraia público telespectador.
Um dos aspectos que considero negativos na televisão, é precisamente o da lavagem ao cérebro que alguns espectadores mais incautos podem ser vítimas ao absorverem tudo o que a televisão transmite.
Para mim, é muito necessário a abordagem deste tema para que as pessoas aprendam que a televisão é excelente como componente cultural, como diversão, ou como companhia.
Nós somos senhores do nosso pensamento, das nossas ideias, sejam elas boas ou más, são as nossas ideias, é o nosso pensamento. Quando um jornalista, um economista, ou qualquer comunicador, aborda um assunto, será um prazer ouvi-lo, e analisar até que ponto nós concordamos ou não com as suas opiniões. Mas, na realidade há sempre o perigo de sermos influenciados pelos raciocínios alheios. E quanto mais distraídos estivermos para essa problemática, mais susceptíveis estaremos de sermos influenciados.
Por vezes dou por mim a pensar em certas coisas como por exemplo: nesta crise mundial em que o mundo está mergulhado. Pergunto-me como é possível que a falência dum banco Americano, por maior que ele seja, possa provocar uma crise mundial? Não houve nenhuma guerra mundial, nem nenhuma catástrofe! Então porquê esta crise mundial? Só pode ser, quanto a mim, porque vivemos na era da informação. A ânsia de informar é tanta e é tudo tão exageradamente debatido, que provoca o pânico nas pessoas, que reagem contraindo-se nos seu gastos. Não havendo consumo as fábricas não vendem, começam a não ter dinheiro para honrar os ses compromissos, então começam a despedir trabalhadores. Essas mesmas fabricas como não vendem também não compram as matéria primas que habitualmente compravam, provocando a falência de outras fábricas, e assim sucessivamente a crise mundial foi-se instalando. Estou perfeitamente convencido que esta crise mundial deve-se aos meios de informação e muito principalmente à televisão.
Também o nosso país sofre terrivelmente em muito devido aos espectáculos televisivos, hoje em dia há o culto do pessimismo, só se ouve dizer mal, dizer mal actualmente no nosso país é a grande moda. Por isso, não é para admirar, que quando se fazem as habituais estatísticas na União Europeia, Portugal apareça como o país mais pessimista da união. Havendo contudo outros países com situações piores que Portugal, sem que os seus povos sejam tão pessimistas. Um dia essa maneira de pensar, há-de acabar, outra moda virá, esperemos que seja mais optimista. Nós sabemos que tudo tem que ser rentável, inclusive a televisão. É normal que haja espectáculo, até mesmo nos noticiários, nós é que temos de saber separar o trigo do joio e, é tão fácil, basta apenas mudar de canal, ou então se nada nos interessar, desligar simplesmente. E se não tivermos nada que fazer, decerto, que haverá sempre um livrinho que espera por nós.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Memórias da rádio



A minha primeira memória da rádio é por volta dos anos sessenta.
Eu tinha um tio que estava a cumprir serviço militar em Angola. Lembro-me que então a uma determinada hora, por volta do anoitecer, juntava-se a família toda: os meus avós, os meus pais e as minhas tias, num silencio profundo, a escutar um programa que dava todos os dia aquela hora. Não sei bem qual era o nome do programa, só sei que eram notícias relacionadas com os militares que cumpriam serviço militar no ultramar.
Ficou-me bem na memória porque cada vez que eu abria a boca para dizer o que quer que fosse, toda a gente me mandava calar, com ar ameaçador. O remédio era ficar ali muito sossegado, a morrer de tédio enquanto um tipo falava, falava, e o pessoal da família ficavam ali a ouvi-lo religiosamente.
Passados já tantos anos, sobre esse tempo, leva-me agora a pensar e a tecer algumas reflexões sobre este assunto.
A rádio que os meus familiares escutavam com tanta atenção, era a Emissora Nacional, a rádio do regime por excelência, logicamente que o que se dizia nessa estação de rádio tinha que estar de acordo com a filosofia do regime que na altura governava Portugal. Por conseguinte, a pessoa que relatava o dia-a-dia dos militares que prestavam serviço nos antigos territórios ultramarinos portugueses só dizia aquilo que agradava ao regime.
Claro que também tenho outras memórias da rádio, aliás tenho muitas, de quando eu era pequeno, além da que já citei, lembro-me também de um programa que era muito apreciado em casa dos meus avós que se chamava: Fados e Guitarradas.

Também me lembro, que os ouvintes elegiam o rei e a rainha da rádio. As minhas tias eram grandes entusiastas desse programa, mas não sei se eram participantes activas, o que sei é que elas ficavam muito satisfeitas quando ganhava o António Calvário, ou a Madalena Iglésias.
Também me lembro muito bem de irmos passear ao domingo, e o meu pai e também o meu avô, levarem sempre o rádio pequeno para ouvirem o relato de futebol.
Na altura eu já era um grande adepto do Sporting, tal como o meu pai e o meu avô, e quando o Sporting marcava eu festejava efusivamente, mas na verdade eu festejava porque ouvia gritar golo, na realidade eu não ligava nada ao relato, nem sequer percebia o que o Artur Agostinho, o Álvaro dos Santos e outros diziam, eu gostava era de os ouvir a relatar. Para mim aquilo soava-me como uma música. Uns homens que falavam tão depressa que pareciam que estavam a cantar. Era essa a sensação que eu tinha.
Numa época já mais recente, já eu trabalhava na Sorefame como desenhador de metalomecânica e, num período em que havia muito trabalho, a nossa companhia diária era a rádio, enquanto trabalhávamos.
Nos jantávamos lá na empresa, das oito às oito e trinta, depois ligávamos o rádio e ouvíamos os discos pedidos pelos ouvintes. Era o programa quando o telefone toca, onde o ouvinte tinha que dizer uma frase publicitária, da marca que patrocinava o programa, o apresentador do programa era o Sr. Matos Maia de seguida ficávamos a ouvir um programa de música que eu apreciava muito, não tenho bem a certeza do nome do programa, mas parece-me que se chamava Oceano Pacifico, tinha umas músicas espectaculares.

 
Também há uns dez anos atrás, morava eu na altura em Arrentela, numa ocasião estava eu no café e comentei um assunto relacionado com a proliferação de Hipermercados, no nosso país com um senhor que estava ao meu lado.
Ele esteve a ouvir-me com alguma atenção e depois disse-me se eu não me importava que ele gravasse a minha opinião porque ele tinha um programa de rádio, onde apresentava a opinião dos ouvintes.
Claro que eu não me importei. Lá repeti tudo outra vez, com um microfone à frente, que me deixou um pouco nervoso, e me fez gaguejar algumas vezes.
A partir daí fiquei a conhecer o Sr. Nelson Fernando e a esposa a Sra. Mariel Caetano, donos da Rádio Baía, uma das duas estações de rádio local do concelho do Seixal.
Visitei algumas vezes os estúdios da Rádio Baía, e confesso que a primeira vez que lá entrei fiquei deveras desiludido, estava á espera de algo sofisticado, e depara-me um apartamento normal em que as divisões, foram transformadas.
Havia dois estúdios pequeníssimos completamente isolados, onde havia somente dois lugares, um para o comunicador, e o outro lugar provavelmente seria talvez para algum convidado. Em frente do apresentador um leitor de CDs, e uma prateleira cheia de CDs.
As outras divisões, seriam uma sala de estar para receber convidados, e alguns gabinetes ou escritórios.
Actualmente a minha relação com a rádio é muito diferente. Começo de manhã cedo às sete, a ouvir a Antena dois, que é rádio de música clássica, pois o meu relógio despertador está sintonizado nessa estação de rádio. Mas pouco ouço porque me levanto logo e desligo a rádio.
Depois ouço um pouco mais de rádio no carro a caminho do trabalho, aliás ouço sempre rádio quando ponho o carro a trabalhar porque quando ligo um o outro também se liga.
Actualmente estas são as únicas situações em que ouço rádio. Não sei bem porquê mas actualmente não tenho grande paciência para ouvir conversas na rádio. A Única estação de rádio que ainda consigo ouvir é a Antena dois. Nas outras estações há muita conversa. Os fóruns com a participação dos ouvintes esses são extremamente lamuriosos, com as pessoas só a queixarem-se, a lamentarem-se, a dizerem mal de tudo e de todos.
Não sei se foi a rádio que mudou, ou se calhar fui eu que mudei, mas o mais provável foi termos mudado os dois.
Contudo apesar de eu actualmente não ser grade ouvinte de rádio, não quero dizer que eu não pense que a rádio não seja muito importante.
Nas raras ocasiões que ouço rádio, por exemplo a Rádio Baía, (a tal que eu conheço os donos) em que se usa muito o contacto directo com os ouvintes, fico impressionado com o fluxo contínuo de pessoas a ligarem para lá, e a participarem nos passatempos que a rádio organiza.
Não tenho dúvida nenhuma que a rádio é uma boa companhia, para muita gente. Não me refiro á rádio que transmite somente música, que as pessoas ouvem enquanto conduzem, ou que é transmitida nas lojas, para produzir som ambiente. Refiro-me também á rádio que fala com os ouvintes e lhes dá oportunidade de darem opinião, sobre vários temas, e que apesar de pessoalmente eu não ser apreciador, desse género de programas, as vezes ouço até a minha paciência aguentar, e posso verificar o grande nível de participação e do agrado que as pessoas afirmam ter por esse tipo de programas.

   
Isso leva-me a concluir que a rádio continua a ser uma grande companhia para muita gente. E que devido à grande quantidade de estações de rádio, umas regionais ou locais outras com amplitude nacional, conseguem através de programações variadas manter um publico ouvinte fiel.
14-05-2010

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Seixal, Setúbal, Portugal