Josefa tinha os olhos
vermelhos de chorar, durante toda a noite não dormiu! Já devia de estar
habituada aos maus tratos da filha às más palavras que sempre lhe ouviu.
Pela enésima vez leu a
mensagem que a filha lhe mandou pelo telemóvel:
- Só tens conversas de merda
no facebook com merda de gente como tu! Tás proibida de dizer a alguém que és
minha mãe! Tenho desgosto de ser tua filha! Para mim tu és lixo! -
- Porque será que a minha
única filha me odeia tanto? – Perguntava a si mesma pela milésima vez.
- Dei-lhe tudo o ela queria,
fiz-lhe todas as vontades desde criança, nunca mas nunca lhe faltou nada:
quando era criança, teve todos os brinquedos que que quis! Ao longo da vida
sempre lhe comprei roupas e calçado de marca como ela queria! Quis tirar a
carta de condução, eu paguei-lhe a carta, quis um carro, eu comprei-lhe um
carro ao gosto dela. Quis tirar uma licenciatura em psicologia e não teve
médias para ir para as universidades do estado, eu paguei-lhe o curso numa
universidade particular e sempre, sempre a tratar-me mal! Sabe Deus os
sacrifícios que eu fiz por ela!
- O pai dela deixou-me tinha
ela dez anos, ficou obrigado pelo tribunal a pagar uma bagatela para ajuda do
sustento da filha mas nunca deu nada! Fui eu que lhe dei tudo só com o esforço
do meu trabalho: vivia para ela!
Que mal fiz eu a Deus para ter tido uma vida tão cruel?
Que mal fiz eu a Deus para ter tido uma vida tão cruel?
Josefa esqueceu-se
momentaneamente da mensagem da filha e o seu pensamento voou para outros
tempos, dando início a uma retrospectiva da sua atribulada vida.