Pôr do Sol no Alentejo

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sexta-feira, 2 de maio de 2014



Já ando por aqui neste mundo dos blogues há já uns aninhos. Comecei muito timidamente mas tenho aumentado a participação, principalmente neste decorrente ano. Não sou daqueles que mais publica, nem de perto nem de longe, mas sempre vou escrevinhando. Como já muitas vezes o disse, não escrevo para ninguém, mas sim para mim próprio: é um exercício que pratico, uma ginástica mental…
Hoje irei apresentar-me ao mundo numa pequena biografia, está na hora de abrir a concha de onde não sairá nenhuma perola, mas sim uma pessoa banal como milhões que existem no mundo.

O meu nome é Fernando Pinho Soares Frutuoso, meu pai Laurindo Bordonhos Soares Frutuoso e minha mãe Dulcínia Soares Pinho, ambos naturais da cidade de Amora.
Toda a minha família é natural de Amora. Quase todas as pessoas, naturais de Amora, com os mesmos apelidos são meus primos.
Quando nasci, puseram-me o nome dos meus padrinhos, que por sinal são meus tios. Ela é irmã do meu pai, Chama-se Fernanda e o marido tem o mesmo nome no masculino.
Fui o primeiro filho, o primeiro neto, o primeiro sobrinho, durante cinco anos. Foi o suficiente para me tornar um ditador super mimado.
Tive uma infância muito feliz, todos me faziam as vontades: os meus pais, os meus avós, os meus dez tios e tias, era um felizardo!
Vivia numa quinta que era dos meus avós maternos. Ali no meio das vacas, dos porcos das ovelhas e de todo o género de produtos relacionados com a lavoura, levava uma vida despreocupada e feliz.
Julgo que tenho memória da minha vida desde os dois anos, mas não tenho bem a certeza, por vezes alguns detalhes desse período da minha vida eram tão relatados pelos meus pais, que eu já não tenho bem a certeza se sou eu que me lembro ou é o facto de os ter ouvido tantas vezes, que me faz conserva-los vivos.
O que eu me lembro muito bem efectivamente, é dos meus tempos de escola. Como eu detestava a escola, os meus colegas e a professora.
Quantas vezes, não preferia eu, as vacas, os porcos ou as ovelhas e correr por todo o lado, do que estar ali sentado a fazer as tarefas que a professora mandava.
Ao fim de algum tempo, lá me habituei. Era muito traquinas para os outros, entrei já com sete anos feitos, era o mais alto, o mais forte e o mais esperto. Dominava completamente. Todos queriam ser meus amigos. Só os repetentes, alguns bem mais velhos é que me faziam frente. Mas mesmo esses respeitavam-me, porque eu nunca me ficava.
Fui sempre um aluno do “quanto baste”, desde que tivesse o mínimo para passar, para mim já estava bem.
Todas as pessoas da família diziam que eu ia ser veterinário, e eu também assim o pensava. Quem me queria ver feliz era no meio da bicharada.
Mas a minha vida tomou outro rumo. Quando tinha dezasseis anos, amuei com umas coisas que ouvi o meu pai dizer e, resolvi arranjar emprego e deixar os estudos. Não queria mais depender economicamente dos meus pais.
Eles bem tentaram demover-me dos meus propósitos, mas eu já tinha decidido. Naquela etapa da minha vida eu era completamente inflexível.
Comecei a trabalhar numa oficina que fazia montagens de divisórias de alumínio. Depois tive outros empregos, fiz e aprendi um pouco de tudo: fui electricista, serralheiro mecânico e por fim desenhador industrial.
Quando tinha dezassete anos, ou seja um ano depois de começar a trabalhar, matriculei-me nos cursos nocturnos, mais para fazer a vontade à minha mãe do que por opção própria. Conclui o curso Industrial, ao fim de três anos na escola Emídio Navarro em Almada. No último ano do curso, o Mundo mudou completamente.
Tive a felicidade de viver o 25 de Abril e de estar presente e atento a todos os acontecimentos que se seguiram e que alteraram completamente a face de Portugal.
Estava à espera de ser chamado para o serviço militar, na inspecção tinha ficado apto para a tropa. Enquanto os meus amigos viviam apavoramos com a ideia da mobilização, eu ansiava que isso me acontecesse, não por ideais políticos, que os não tinha, ou por patriotismo, mas sim, porque ansiava aventura, sair daqui, partir para qualquer lado.
 Mas isso não aconteceu, nem sequer me chamaram. Compensei essa frustração envolvendo-me de corpo e alma nas actividades revolucionárias que se seguiram ao 25 de Abril.
Foi um período vivido com muita alegria e que eu guardo com muita nostalgia: os meus ideais e convicções políticas, as minhas absolutas certezas em conceitos, que hoje me fazem sorrir, os meus amigos, as minhas namoradas… Era um tempo vivido com intensidade, com convicção, com generosidade e com paixão.
Depois veio o Budismo. Comecei a estudar Budismo, tornei-me vegetariano e macrobiótico durante uns tempos. Foi um curto período de tempo, um pouco menos que um ano, mas foi o suficiente, para mudar totalmente a minha vida.
Hoje já não sou Budista, mas conservo os fundamentos, nem vegetariano, mas agrada-me esse tipo de comida. O budismo transformou-me radicalmente, adquiri outros conhecimentos, tornei-me calmo, compreensivo e respeitador de todas as formas de vida.
A minha vida tem sofrido bastantes modificações. Mas cada mudança, não apaga as experiencias anteriores. Fica antes enriquecida com as vivências anteriores.
O esquerdismo deixou-me a compreensão da luta de classes, e de toda a dialéctica que gira á sua volta. Hoje já não sou esquerdista, mas continuo a querer um mundo sem fronteiras, não da forma utópica dos ortodoxos do anarquismo, mas de uma forma mais acessível, em que um Homem seja respeitado condignamente como um ser humano, com todos os direitos e, que possa viver nessa condição onde ele quiser.
O Budismo deu-me muito, mas sobretudo a compreensão da espiritualidade. Serviu-me também de trampolim para o conhecimento das grandes filosofias Indianas.
Ouve uma altura que eu juntamente com uns amigos, começamos a organizar as coisas, para irmos até à Índia. A ideia era lá chegar, depois logo se resolveria o que faríamos.
Claro que a minha mãe assim que soube, nunca mais me deixou em paz. Dia e de noite martelava-me a cabeça, e só parou de o fazer, quando teve a certeza que nós já tinha-mos desistido da ideia. Acabamos por desistir, todos tivemos o mesmo tipo de problema: mães galinhas.
Não fomos para a Índia, mas fomos dar uma volta a Portugal. Quatro amigos com uma média de dezanove anos, num Mini 850! Demos uma volta completa a Portugal durante duas semanas. Foi uma grande alegria e uma grande emoção, essa viagem. Todos nós viajávamos sozinhos pela primeira vez. Tínhamos jurado solenemente telefonar todos os dias para as nossas mães antes da partida e cumprimos. Tínhamos que comer, dormir, tomar banho e comprar gasolina. Era-mos muito poupadinhos e conseguimos que o dinheiro chegasse.
Depois nos outros anos seguintes percorri quase toda a Península Ibérica, visitei quase tudo o que é oferecido aos turistas para visitarem. Mas em termos emocionais, já nada se comparou como a primeira vez.
Muitas transformações ocorreram nesse tempo na minha vida. Tanto a nível espiritual, como material com profissional.
Comecei a trabalhar no departamento de estudos e projectos, da Sorefame – Amora. Comecei como desenhador com menos de três anos, e quando saí, ao fim de dez, era técnico industrial.
Também no plano sentimental e, nesse mesmo período de tempo, tudo mudou: Casei-me, depois nasceram os meus filhos. Primeiro a minha filha, e oito anos depois o meu filho e por fim deixei o emprego.
 Em 1985 havia uma grande crise de trabalho, a empresa não conseguia pagar os salários aos empregados. Então foi estabelecido um plano de saídas voluntarias de pessoal, com uma determinada indemnização. 
Saí nessa altura e aproveitei o dinheiro da indemnização para iniciar o meu próprio negócio. Actividade que ainda hoje conservo. Dedico-me ao comércio de iluminação e outros artigos.
 A minha filosofia de vida que consiste em deixar as coisas fluírem naturalmente, intervindo apenas pontualmente de acordo com os acontecimentos.
 As situações vão acontecendo, e vai-se respondendo caso a caso. Há muito que adoptei esta forma de estar na vida. Agrada-me viver o dia-a-dia, sem planos, sabendo que o dia de amanhã, será mais um dia que virá quiçá glorioso…
Gosto de aproveitar ao máximo o Sol, o mar e toda a beleza da Natureza. Cultivar a amizade, desfrutar da música e de todas as artes que aprecio.
Tento fugir daqueles que só sabem dizer mal e olhar a vida com positivismo.
Tentando viver o mais autenticamente possível, fazendo os possíveis para ser senhor do meu pensamento.

 Desejando que as pessoas vivam felizes, num mundo sem fronteiras.

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