Pôr do Sol no Alentejo

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quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014



 Quero deixar um testemunho para que se saiba que  passei por este planeta, que  vivi...
 Sim  vivi, mas, tenho a sensação que foi uma vida vivida pela metade, reprimida por conceitos, por ideias e palavras que deixaram profundas marcas, das quais eu nunca me consegui libertar.
 Não quero culpar ninguém! Tive conhecimentos e saberes que me deram uma cultura e tenho uma vida suficiente longa para colmatar todas e quaisquer feridas que me atormentassem. Se não tenho tido uma vida o suficientemente preenchida foi porque não quis arriscar, porque não fui o suficientemente ousado para que isso acontecesse.
 Quando era mais novo, dizia: ainda é cedo, sou muito novo! Agora, que já sou mais velho digo: já é tarde, já estou velho!
No fundo, sou o que sempre fui: um acomodado! com receio de viver intensamente a vida.  Encostei-me ao meu cantinho morno, onde tudo é: suficiente, onde tudo é: ” quanto baste”! Uma vida com poucos sobressaltos, dentro de uma normalidade cinzentona.

Nunca conheci e se calhar nunca conhecerei a aventura de avançar para o escuro, de caminhar no fio da navalha, de atravessar para lá das fronteiras do permitido, de arriscar confiante, sem querer saber do que advém. Nunca arrisquei e sabia muito bem que: quem não arrisca não petisca e quem não arriscou não perdeu nem ganhou!
Olha-se para trás, para a vida que já passou e  fica-se com um amargo de boca, por não se ter vivido, ou pelo menos tentado viver com mais espontaneidade.

Imagem retirada da Internet

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