Quero deixar um testemunho para que se
saiba que passei por este planeta, que vivi...
Sim vivi, mas, tenho a sensação que foi uma vida
vivida pela metade, reprimida por conceitos, por ideias e palavras que deixaram
profundas marcas, das quais eu nunca me consegui libertar.
Não quero culpar
ninguém! Tive conhecimentos e saberes que me deram uma cultura e tenho uma vida
suficiente longa para colmatar todas e quaisquer feridas que me atormentassem.
Se não tenho tido uma vida o suficientemente preenchida foi porque não quis
arriscar, porque não fui o suficientemente ousado para que isso acontecesse.
Quando era mais novo,
dizia: ainda é cedo, sou muito novo! Agora, que já sou mais velho digo: já é
tarde, já estou velho!
No fundo, sou o que sempre fui: um acomodado! com receio de
viver intensamente a vida. Encostei-me ao meu cantinho morno, onde tudo é: suficiente, onde tudo é: ” quanto baste”! Uma vida com poucos sobressaltos,
dentro de uma normalidade cinzentona.
Nunca conheci e se calhar nunca conhecerei a aventura de
avançar para o escuro, de caminhar no fio da navalha, de atravessar para lá das fronteiras do permitido, de
arriscar confiante, sem querer saber do que advém. Nunca arrisquei e sabia muito bem que: quem não arrisca não petisca
e quem não arriscou não perdeu nem ganhou!
Olha-se para trás, para a vida que já passou e fica-se com um amargo de
boca, por não se ter vivido, ou pelo menos tentado viver com mais espontaneidade.
Imagem retirada da Internet