Se Margarida soubesse que ele desde sempre repartiu os seus
afectos com outra, provavelmente morreria de desgosto (pensava ele) seria horrível
e ele jamais queria que isso acontecesse!
Porém, jamais deixaria Marta, a sua amante de sempre, antes
de conhecer Margaria já andava com ela. Marta foi a mulher da sua vida! Amou-a
com uma paixão intensa e também a odiou até ao seu âmago mais profundo, depois
voltou a amá-la mas mais moderadamente.
Ele e Marta eram da mesma idade, conheceram-se com dezassete
anos e apaixonaram-se perdidamente! Viveram intensamente esse amor durante três
anos, depois nuvens negras do ciúme dispersaram essa paixão. Mal entendidos:
- Numa festa que estava previsto irem os dois, aconteceu um
problema familiar a Mário e ele não pode ir, porém insistiu para que ela fosse
com as amigas e ela acabou por ir. Entretanto ele depois de prestar
assistência á família, ainda foi a tempo de ir á festa. Quando lá chegou viu
Marta a dançar uma música romântica com outro, logo com o gajo que ele mais odiava.
Saiu porta fora e cego de raiva, não a quis ver mais!
O seu desgosto foi grande! Ela bem tentou demove-lo explicando
o porquê de ter dançado com o outro mas ele estava com o seu orgulho demasiado
ferido para aceitar desculpas ou mesmo para ouvi-la!
O tempo foi passando ele teve outros namoros passageiros até
que um dia conheceu Margarida: linda, meiga, pura e intensamente apaixonada por
ele. Mário também gostava dela, não era nenhuma paixão, mas sim um gostar
moderado, o suficiente para casar com ela.
Marta tinha-se tornado professora de português e lá na escola onde
leccionava tinha um colega que estava apaixonado por ela e ela acabou por corresponder
casando com ele.
Um dia Marta e Mário encontram-se: cruzaram-se na rua, cumprimentaram-se
e ficaram a conversar, primeiro de uma forma reservada, depois pouco a pouco
foram recuando no tempo e á medida que analisavam o passado iam ficando mais
íntimos. Quatro horas passaram num ápice tinha-lhes parecido cinco minutos. Despediram-se
abraçando-se, um arrepio percorreu o corpo de Mário: aquele perfume, aquele cabelo,
aquele corpo…
Marta enquanto se dirigia para o carro o seu corpo tremia
de emoção, ainda não tinha ligado o carro quando tocou o telefone era Mário,
atendeu-o com sofreguidão…
Poucos meses depois divorciava-se do seu marido, não o
amava, mas não o queria enganar! O caso de Mário era diferente, tinha dois
filhos e ela não iria fazer pressão para ele deixar a mulher e os filhos!
Porém, o comportamento de Mário não passou despercebido a
Margarida: por mais que ele disfarçasse, o seu comportamento era diferente:
longas ausências, chegar muito tarde a casa e desculpas esfarrapadas. Esse comportamento fez com
que Margarida investigasse o que se estava a passar. Rapidamente descobriu o
relacionamento de seu marido com Marta.
Margarida tem um comportamento reservado e uma forma de
estar calma e discreta mas, corajosamente decidiu enfrentar a mulher que se lhe
intrometeu entre ela e o marido.
Marta recebeu-a em sua casa e teve uma longa conversa com Margarida,
contando-lhe toda a sua vida: também Margarida expôs tudo o que lhe ia na alma.
No final as duas mulheres não ficaram amigas mas também não ficaram se odiando.
Ambas compreenderam as posições de cada uma! Não fizeram qualquer espécie de
acordo mas cada uma delas particularmente, decidiu não contar a Mário aquele encontro.
Marta sempre esperou que Margarida encostasse Mário à parede e lhe exigisse que
ele escolhesse uma, entre as duas! Mas Margarida preferiu ignorar Marta.
Talvez temesse que se abrisse o jogo fosse o fim do seu casamento. Era certo
que ele passava algum tempo com Marta mas estava muito mais tempo com ela.
Mário comportava-se como um marido normal: era carinhoso com ela e com os filhos
dava-lhes toda a assistência que eles precisavam e na parte sexual ela também
não se podia queixar, ele estava sempre pronto! Sendo assim Margarida tentou
esquecer que ele tinha outra.
Por seu turno, Marta sempre teve esperança de ter Mário só
para si, porém os anos foram passando e habituou-se a tê-lo somente durante
umas horas por dia e em algumas ocasiões, uma noite toda! Rapidamente
compreendeu o raciocínio e o comportamento de Margarida e decidiu que assim
ficasse! - Ora então, que assim seja… Dividimo-lo!
Contudo, trinta anos
já passaram!
Sem comentários:
Enviar um comentário