Pôr do Sol no Alentejo

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segunda-feira, 15 de junho de 2015

O tio Laurindo

É com enorme emoção que vemos publicado no facebook palavras justas e verdadeiras, que homenageiam um homem fantástico que eu tive o privilégio, de ter como pai.

Ao meu querido primo Luís Fernandes, muito agradeço a justa homenagem que ele fez a meu pai Laurindo Bordonhos Soares Frutuoso.

Nunca estamos preparados para a morte de alguém que admiramos e amamos, o meu tio Laurindo morreu na última 5ª feira... quem com ele teve o privilégio de privar sabe a enorme falta que fará a muitas pessoas e quando digo isto não me estou a referir apenas a nós, familiares e amigos mais próximos.
O meu tio era um ser humano ímpar, amigo do seu amigo, excelente pai, marido, tio e avô... onde o Laurindo estava ninguém lhe ficava indiferente... era o bom humor em pessoa, brincava e animava-nos sempre, mesmo em momentos difíceis (e isto inclui até funerais, onde se lembrava sempre de situações e momentos positivos da pessoa em causa), o que nos ajudava a lidar com situações tão complexas.
Contrariamente ao que muitas vezes se diz a morte não se mede em ausências, mede-se essencialmente em espaços… o espaço que ficou na mesa à hora do jantar, mesmo que o possamos disfarçar criando alguma distância entre cadeiras ou o vazio que ficou no sofá mesmo que o tenhamos atolado em almofadas de todas as cores e feitios ou ainda o espaço e os silêncios que persistem numa viagem de carro ou até mesmo nas discussões dos assuntos mais banais, no caso do meu tio, até nas nossas animadas conversas entre quem merecia ganhar, se o seu Sporting, se o meu enorme Benfica .
É difícil suportar o barulho ensurdecedor de algumas ausências, principalmente porque, tantas e tantas vezes, percebemos que estiveram quase sempre à distância de um abraço.
A minha filhota, adorava-o... achava-lhe piada, muita... e vezes sem conta, se lembrava das sua boa disposição e capacidade de dar cor a dias mais "cinzentos".
A vida da minha tia Sina, companheira de uma vida (cerca de 70 anos, entre namoro e casamento), nunca mais será a mesma... a nossa também não, mas quem os conhecia sabe que, para a Sina nada será como dantes.

A melhor maneira de homenagear quem parte? Continuarmos a cuidar de quem fica... e como todos sabemos, as pessoas que amamos só partem, definitivamente, quando nos esquecemos delas e disso o Laurindo pode ter a certeza que nunca acontecerá tal não é legado que nos deixa, de boa disposição, de positividade, de amizade e amor a tantas, tantas pessoas.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

House On a Hill

Somewhere in the end of all this hate
There's a light ahead
That shines into this grave that's in the end of all this pain

In the night ahead there's a light upon this
House on a hill
The living, living still
Their intention is to kill and they will, they will
But the children are doing fine
I think about them all the time
Until they drink the wine and they will, they will, they will

Somewhere in the end we're all insane
To think a light ahead can save us from this
Grave that's in the end of all this pain

In the night ahead there's a light upon this
House on a hill
The living, living still
Their intention is to kill and they will, they will
But the children are doing fine
I think about them all the time
Until they drink the wine and they will, they will, they will

I am not afraid
I won't burn out in this place
My intention is to fade and I will, I will
In this house on a hill
The dead are living still
Their intention is to kill and they will, they will
Keep your children safe inside
Out of pocket, out of mind

Until they drink the wine and they will, they will, they will

Dieta para emagrecimento

É extremamente refrescante e faz bem ao cérebro: cada um imagina o gosto que mais gostar. Pode ser mastigado por quem tem dentes postiços ou chupado pelos outros. Muito eficiente para uma dieta de emagrecimento: 100% eficaz!

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Meu Pai

Nem sempre as minhas relações com meu pai foram boas. Quando era adolescente achava que ele não gostava de mim e que me tratava com um certo desprezo. É provável que eu o tenha desiludido, que não tenha correspondido às suas expectativas.
Porém, com o tempo essa sensação que eu tinha passou e sempre tivemos uma relação muito boa e cordial.
Pensava que gostava dele, porque era o meu pai e ponto final.
Mas agora que ele está doente e que sinto a sua vitalidade a extinguir-se, quase que se me faltam as forças e as pernas tremem-me  só de pensar no que poderá acontecer…

Por mais preparados que estejamos para a morte dos nossos pais, quer seja por serem bastante idosos ou por terem alguma doença grave, quando chega o momento da verdade, quando vemos o nosso pai a decair dia após dia, quando recorremos a vários médicos, a varias estadias no hospital e nada lhe pode valer e o vemos cada vez pior. Somos invadidos por uma tão grande tristeza, uma tão grande angustia só de pensar que já não falta muito para a sua partida.



quarta-feira, 13 de maio de 2015


Depois de ter lido o Macaco Gramatico, Octávio Paz, passou para o patamar dos meus escritores mais amados. Um escritor que eu não conhecia e que adorei conhecer! Talvez atraído para a minha pessoa, por alguma razão desconhecida ou por algo que sabe da minha atração pelas filosofias indianas.

Dos cuerpos

Dos cuerpos frente a frente
son a veces dos olas
y la noche es océano.

Dos cuerpos frente a frente
son a veces dos piedras
y la noche desierto.

Dos cuerpos frente a frente
son a veces raíces
en la noche enlazadas.

Dos cuerpos frente a frente
son a veces navajas
y la noche relámpago.

Octavio Paz
(1914-1998)

domingo, 10 de maio de 2015

Quando vejo na televisão os gajos do estado islâmico a destruírem o património histórico do Iraque lembro-me imediatamente da criminosa acção da Câmara Municipal do Seixal quando destruiu o Moinho de Maré e o lavadouro público do Correr D`Água. Um crime que o Sr. Eufrásio Filipe nunca se irá livrar.

sábado, 9 de maio de 2015

Estas dores nas costas persistem já há dois meses!
 Como punhais espetados, as dores adormecidas por analgésicos esperam que passe o efeito dos comprimidos para me atormentarem outra vez.
O tempo passa e as melhoras tardam!
Nuvens negras envenenam a minha mente e Já não tenho a certeza se as dores são mesmo nas costas…
 São tantos os órgãos que ali existem, são tantas as memórias recentes, são tantas as lembranças… Da minha tia Júlia, do meu tio Selénio e do Acácio, o meu cunhado.
Também eles começaram com dores nas costas que couraçam o pâncreas…
Talvez eu tenha medo…
Não, não tenho medo, tenho antes pavor…


Contudo, tirando as dores, tudo o resto são incertezas!

quarta-feira, 6 de maio de 2015


Não conheço o Sr. Sampaio da Novoa e somente há meia dúzia de dias é que comecei a ouvir falar dele. Contudo, com tantas personalidades dos meios académicos e notáveis da nossa praça pública apoia-lo e a referirem-no como o candidato ideal para ser o próximo presidente da república, que não me restou outra alternativa senão, ir pesquisar a seu respeito.
Efectivamente não restam dúvidas que Sampaio da Novoa preenche todos os requisitos em termos humanos e é o cidadão ideal para ocupar o cargo.
 Só me fica contudo, uma dúvida! Como pode um cidadão ser eleito presidente se ninguém o conhece?
Não me parece, mesmo havendo grande divulgação da sua figura nos meios de comunicação, não me parece, que ele tenha hipóteses de derrotar os conhecidíssimos Marcelo Rebelo de Sousa ou Rui Riu.
O seu aparecimento e a sua ânsia de se candidatar, faz-me lembrar um outro candidato há dez anos atrás o Sr. Fernando Nobre, só que esse era muito mais conhecido.

Espero que Marcelo ou Rui Rio não ganhem, para reles, já nos bastou o Cavaco, mas para isso o PS precisa de uma personalidade conhecida e respeitada e não precisa de procurar muito!

sexta-feira, 24 de abril de 2015


Uma voz e um poema inesquecíveis!
Todos nós temos amigos, temos músicas, temos livros, temos poemas… Manifestações únicas e inesquecíveis que entraram na nossa vida e por cá ficaram e que de vez em quando nos afloram. 

segunda-feira, 20 de abril de 2015



"A culpa é do povo português!" «Enquanto o povo não der um coice violento neste estado de coisas, eles vão continuar a abusar»

Sempre admirei Marinho Pinto pela sua frontalidade e pelas suas respostas rápidas e espontâneas. É uma pessoa com visão da realidade nacional, que diz o que pensa sem se importar se isso agrada ou não a quem ouve.
Para mim é uma pessoa infinitamente superior a qualquer um dos líderes dos principais partidos que compõem o panorama político nacional.
Fez muito bem em criar um partido: novas ideias, novos conceitos, outros caminhos, uma outra visão!
Estou com ele e espero que o povo português lhe preste atenção, uma pessoa com Marinho Pinto faz muita falta à democracia. 

terça-feira, 14 de abril de 2015

Como habitualmente abro a loja às nove horas, depois fico na expectativa, quem será que entra primeiro? Um cliente ou a dona Antónia? Quase sempre é a dona Antónia a primeira pessoa a entrar na loja e pela enésima vez vou ter de ouvir a mesma conversa de sempre! Enquanto ela lá está quase ninguém entra!  Estou farto, um dia destes dou-lhe uma má resposta para ver se ela se ofende e desaparece. Só não o fiz ainda porque tenho pena dela. É uma pessoa que sofre terrivelmente de solidão, devido ao seu horrível feitio! As pessoas fogem dela como o diabo foge da cruz!

sábado, 4 de abril de 2015

Já passaram alguns dias desde que o meu tio partiu…
Quando gostamos muito de uma pessoa sentimos a sua morte como uma perda tremenda, uma sensação de injustiça, uma raiva contra o destino, um não querer aceitar o que não pode ser mudado. Por fim, resignamo-nos à dor da perda do nosso ente querido. Passados uns dias instala-se em nós uma grande saudade que penso que se vai atenuando ao longo dos anos. Porém, jamais sessará.
O meu tio tinha 75 anos e nos dias de hoje uma pessoa com essa idade, ainda tem muito para viver.
Sempre foi um gentleman, bem-parecido, simpático, bem-falante e amável.
 Quando era solteiro as mulheres não o largavam e em casado também não!

sexta-feira, 27 de março de 2015



A meio da noite Manuel acordou com uns barulhos estranhos, levantou-se e muito receosamente dirigiu-se para o local do murmúrio, a lua cheia, iluminava totalmente o quarto com uma luz diáfana.
Uma dezena de estranhas criaturas estavam reunidas num dos cantos do quarto: eram todos diferentes uns dos outros, uns usavam chapéu, outros não e todos eles vestiam uma espécie de camisa de dormir, não tinham rosto, nem mãos, nem pernas, apenas se via roupa moldada por um corpo inexistente.
Os primeiros momentos de pavor de Manuel foram substituídos por uma corajosa reacção! Tinha lido num livro há muito tempo atrás, que os fantasmas eram só ar e dessa forma era-lhes impossível causar qualquer dano físico a quem quer que fosse. Também tinha lido no mesmo livro que para os afastar bastava lançar sal sobre eles.
Manuel correu à cozinha e afortunadamente o saleiro estava cheio de sal! Pegou no saleiro, dirigiu-se ao quarto onde estavam os fantasmas e lançou-lhes sal para cima. Muitos desfizeram-se logo ali e os outros fugiram apavoradamente. Manuel viu que dominava bem a situação e resolveu acabar com todos os fantasmas, por isso decidiu dar-lhes caça.
Procurou primeiro nas divisões do andar de cima e depois desceu as escadas para o rés-do- chão. Procurou primeiro na cozinha, depois na biblioteca, na casa de banho e finalmente na sala comum, que era a maior divisão da casa. A luz branca da lua que entrava pelas grandes janelas dava-lhe um ar funesto e arrepiante. Manuel entrou e parecia-lhe tudo diferente, desde a primeira vez que tinha estado na sala, quando chegou durante o dia. Agora tudo aquilo lhe parecia misterioso. Viu então, encostados à parede perto da lareira, três estátuas em tamanho natural, Manuel pensou muito intrigado como foi possível ele não ter visto as estátuas quando esteve ali esta tarde. Caminhando na sua direcção, verificou perplexo, que as estátuas eram esqueletos. Aproximou-se mais para ver melhor, averiguou que eles estavam armados: um tinha uma lança, outro, um grande machado e o terceiro, uma espada. Manuel esquecera-se completamente dos fantasmas. Ficou completamente hipnotizado pelos esqueletos, porém, havia algo neles de tenebroso que o deixava receoso de se aproximar mais. Manuel, para ver um pouco melhor, debruçou-se sobre uma mesinha de apoio, existente no local e nesse preciso momento, é-lhe lançado um terrível golpe de machado…

segunda-feira, 16 de março de 2015



 O orgulho é a certeza emotiva da grandeza própria. A vaidade é a certeza emotiva de que os outros vêem em nós, ou nos atribuem, tal grandeza. Os dois sentimentos nem necessariamente se conjugam, nem por natureza se opõem. São diferentes mas conjugáveis.

O orgulho, quando existe só, sem acrescentamento de vaidade, manifesta-se, no seu resultado, como timidez: quem se sente grande, porém não confia em que os outros o reconheçam por tal, receia confrontar a opinião que tem de si mesmo com a opinião que os outros possam ter dele.

A vaidade, quando existe só, sem acrescentamento de orgulho, o que é possível porém raro, manifesta-se, no seu resultado, pela audácia. Quem tem a certeza de que os outros vêem nele valor nada receia deles. Pode haver coragem física sem vaidade; pode haver coragem moral sem vaidade; não pode haver audácia sem vaidade. E por audácia se entende a confiança na iniciativa. A audácia pode ser desacompanhada de coragem, física ou moral, pois estas disposições da índole são de ordem diferente, e com ela incomensuráveis.

Alguns textos autobiográficos ou filosóficos de Fernando Pessoa, do seu livro do desassossego, continuam me deslumbrando. Não resisto à tentação de transcrever alguns!

quinta-feira, 12 de março de 2015




"O meu mundo não é como o dos outros, quero demais, exijo demais; há em mim uma sede de infinito, uma angústia constante que eu nem mesma compreendo, pois estou longe de ser uma pessoa; sou antes uma exaltada, com uma alma intensa, violenta, atormentada, uma alma que não se sente bem onde está, que tem saudade… sei lá de quê!"
 Florbela Espanca

terça-feira, 10 de março de 2015



Deus criou-me para criança, e deixou-me sempre criança. Mas porque deixou que a Vida me batesse e me tirasse os brinquedos e me deixasse só no recreio, amarrotando com as mãos tão fracas o bibe azul sujo de lágrimas compridas? Se eu não poderia viver senão acarinhado, por que deitaram fora o meu carinho? Ah, cada vez que vejo nas ruas uma criança a chorar, uma criança exilada dos outros, dói-me mais que a tristeza da criança o horror desprevenido do meu coração exausto…

Fernando Pessoa  em: O Livro do Desassossego.

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