Pôr do Sol no Alentejo

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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Um povo que parte… Outros que chegam...



Sempre nos habituamos a ver Portugal como um país de emigrantes, mas Portugal também sempre recebeu imigrantes, e nos últimos trinta anos temos tido um fluxo quase continuo de pessoas que vêm de todo o mundo. Pessoas que tiveram que partir, dos seus países em busca de melhores condições de vida.
Em Portugal encontram um povo extremamente simpático com os estrangeiros que nos visitam: os turistas, mas para os imigrantes, por vezes não os compreendem muito bem. Vêem-nos como concorrentes aos empregos.
Os imigrantes são menos exigentes, não reclamam, são prestáveis e estão sempre prontos para trabalhar. Essa postura por vezes, traz-lhes alguns problemas na área do trabalho, mas não são só esses, os problemas dos imigrantes. Existem alguns obstáculos sociais de integração e por vezes alguma incompreensão e também algum preconceito.
Ao contrário do que as pessoas dizem, eles não vêm tirar o trabalho aos portugueses, eles vêm sim, é fazer os trabalhos que os portugueses não querem fazer, por serem duros, sujos, monótonos, etc.
Vêem-se os imigrantes a trabalhar nas limpezas, na construção civil, na construção das estradas, nas recolhas do lixo, nas pescas, na agricultura, etc. Vêm preencher lacunas que são muito importantes para o desenvolvimento do país. Também vêm povoar as zonas rurais, no interior do país.
Um estudo recente, verificou que os imigrantes provenientes do Brasil instalaram-se essencialmente no litoral, os imigrantes dos países do Leste europeu espalharam-se por todo o território, especialmente no interior rural, enquanto os imigrantes africanos preferem Lisboa e a zona envolvente, designada por grande Lisboa.
Os imigrantes são uma mais-valia muito importante para Portugal, significam uma nova esperança de renovação, uma nova dinâmica e um sopro de ar fresco.
Os portugueses são um povo que ao longo dos séculos têm emigrado para os quatro cantos do mundo. Um povo que depois da chegada ao destino previsto, se instalam e trabalham arduamente para proporcionar bem-estar às suas famílias, esquecendo-se por vezes, de si próprio.
A diáspora portuguesa teve início no século XVI quando os portugueses começaram a colonizar as terras que iam descobrindo. Um processo que nunca mais parou até aos dias de hoje.
Os portugueses partiam porque desejavam mudar de vida e queriam proporcionar melhores condições de vida aos seus descendentes. Quando as coisas não corriam bem, quando o espectro da fome e da miséria aparecia, partiam.



Partiam e ainda partem, silenciosamente. Partem tristes por terem que deixar tudo, mas decididamente e com algum sentimento de aventura, que provavelmente já faz parte dos genes do cidadão nacional. Rapidamente se instalam e se adaptam às novas condições. Roídos pela saudade dos que ficaram, mas firmes em construir algo de novo e em ganharem dinheiro, trabalham afincadamente e economizam. Primeiro com o intuito de voltarem, mas são poucos os que regressam. Os filhos crescem e integram-se na nova sociedade: eles próprios adoptam outras posturas culturais e ao fim de alguns anos, quando vêm de férias, sentem-se diferentes, adquiriram outros hábitos e por vezes quando regressam a Portugal, tornam-se críticos em relação à realidade portuguesa, comparando-a com o país onde vivem, essa crítica é um grito de revolta contra algo que persiste e que profana o país que eles tanto amam. É um antigo hábito português, o dizer mal e já vem de longe o “escárnio e mal dizer”. Este hábito é um verdadeiro paradoxo: se há povos apaixonados pelo seu país, o povo português, é um deles: quando algo acontece que engrandeça o país é vê-los: em casa, nas ruas e por todo o lado a festejarem a chorarem de alegria com os sucessos de Portugal. Porem, noutras ocasiões só se ouve é dizer mal de tudo e de todos, com especial relevância para crítica persistente ao país, ou seja: dizemos mal de nós próprios, porque o país, não é o governo nem as autoridades em geral, o país somos todos nós. Este é um hábito muito errado, na minha opinião. Em todas as situações existem sempre duas vertentes para ver os problemas: uma positiva e outra negativa. Devia-se escolher sempre a vertente positiva porque eleva a moral, é construtiva, é optimista, é saudável e repara e anula o que está mal: o negativismo. Infelizmente o povo português optou pelo negativismo, um caminho que nos traz grande infelicidade e que não, nos deixa prosperar e que provavelmente, nos vai incentivando a partir cada vez mais. Tem sido sempre assim. Os portugueses partem em vagas sucessivas de acordo com a realidade económica de Portugal: umas vezes partem aos milhares como aconteceu nos anos: cinquenta e sessenta, do século passado. Outras vezes, vão saindo aos poucos, como acontece no momento presente. Contudo, não são em contínuo essas partidas: Direi que partem uns milhares durante um determinado período, depois as coisas melhoram, para os que cá ficam e o fluxo pára.
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Uma das característica da Diáspora Portuguesa é manter a chama acesa e leal, para com o país, enquanto a primeira geração viver. Depois essas relações com Portugal vão-se atenuando à medida que a primeira geração vai dando lugar à segunda, que ainda mantêm algum empenho, nessas relações, que depois se transforma em vestígios muito ténues, com a terceira geração. Acabando por cessar totalmente os laços com o país ancestral, nas gerações seguintes. Tal como no poema:” Navegar é Preciso” de Fernando Pessoa os emigrantes portugueses quando partem acabam por concretizar, embora inconscientemente, o que o poeta afirma: Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: "Navegar é preciso; viver não é preciso". “Quero para mim o espírito desta frase, transformada a forma para a casar como eu sou: Viver não é necessário; o que é necessário é criar. Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo. Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha. Cada vez mais assim penso. Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade. É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça. “


                                      
Tenho para mim que este poema de Fernando Pessoa descreve a Génese do povo português. Evidentemente que quando Fernando Pessoa o escreveu, pensou que estava a escrever sobre ele próprio. Mas o seu subconsciente foi muito mais abrangente, e abarcou neste poema todo um povo.
O povo português tem povoado outros países, outras regiões, tem enriquecido muitas partes do planeta, com o seu engenho, com o seu trabalho, com a sua cultura, com a sua inteligência. Portugal efectivamente tem dado mundos ao mundo, não só no âmbito histórico das descobertas marítimas, mas também continuamente, através da sua Diáspora.


domingo, 17 de abril de 2011

Retaliações



Fiquei chocado com uma conversa que ouvi hoje. O sereno e simpático povo português está cada vez mais arrogante, casmurro, preconceituoso e xenófobo: pensei. Ouve-se cada vez mais no dia-a-dia conversas que confirmam essas questões. Contudo, assim tão directamente ainda não tinha ouvido: um respeitável ancião falando com alguma rispidez dizia para um outro homem na casa dos trinta: - Vá mas é para a sua terra! Vocês vêm para aqui para roubar os postos de trabalho aos portugueses. Por causa de vocês é que este país está como está, com tanta criminalidade, uma pessoa já não pode sair de casa à noite…, etc., - ¬¬¬com tanta barbaridade que estava ouvir e vendo o ar desolado do rapaz a quem eram dirigidos tais impropérios, não pude deixar de intervir. Pedi desculpa por me intrometer na conversa, mas aquilo que estava o ouvir tinha-me deixando perplexo. Disse-lhe que achava que ele estava muito errado em fazer aquelas acusações ao cidadão estrangeiro. Além de não serem verdade, eram também muito injustas. Tentei fazer-lhe ver que os estrangeiros não roubam o trabalho a ninguém. Quem dá o trabalho, só quer que lhe façam o trabalho: os portugueses não aparecem, não querem fazer certos trabalhos, alguém terá que os fazer. Quanto à criminalidade? Disse-lhe: existem milhares de cidadãos estrangeiros em Portugal, vivem calma e sossegadamente as suas vidinhas, mas quando algum, faz o que não deve e cai nas malhas da justiça: cai-lhe o Carmo e a Trindade em cima, Vira notícia nas primeira paginas dos jornais; é noticiado durante todo o dia na televisão e na rádio. Simplesmente por ser estrangeiro. Não podemos ir atrás da conversa dos media sejam eles da imprensa escrita ou televisiva, eles só querem polémicas, para terem audiências e vender aos anunciantes.
Então o senhor disse-me: não! Não é nada disso; eu até, nem faço caso do que dizem os jornalistas. Estes estrangeiros, é que precisam de ouvir algumas verdades e, só têm é que se calar … Eu quando vivi na Alemanha durante 15 anos! Ouvi muito… E calei-me.
Compreendi então…



sexta-feira, 15 de abril de 2011

Shalom






Shalom

 Comuniquei com um amigo distante;
Que me deu muita satisfação.
Trouxe-me ânimo  e exaltação
E vontade de o seguir adiante.


Tão solitária minha vida estava…
Com tão pouco alento.
Com falta de vontade ou talento,
Em frente à TV, dormitava!


Despertei com o seu pensar acertado
As suas palavras me fizeram ver
O quando é preciso estar despertado!


Que os deuses sejam justos contigo!
Que o sucesso brilhe, sempre no teu ser!

Shalom, meu grande amigo.


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Índia terra de contrastes ( 6ª e ultima parte )






O Budismo




O Budismo é outra grade religião que nasceu no norte da Índia, de onde se espalhou por muitos países da Ásia. O Budismo pretende nada menos que ajudar os seres a encontrar o caminho para a Iluminação e dessa forma erradicar o sofrimento e o conflito.
“Buda” significa “o iluminado” – aquele que se desperta a ele próprio e propicia o despertar dos outros. O Budismo também se assume como uma doutrina moral, considerando a bondade e a compaixão qualidades essenciais à Iluminação. A primeira qualidade leva à paz, e a segunda combate a miséria.
O Buda (Siddharta Gautama – o Buda primordial) pregou durante 49 anos. Os seus sermões foram depois reunidos no Tripitaka (os três cestos de flores). È o conjunto da doutrina budista. Cada um dos cestos refere-se a uma parte do pensamento e prática do Budismo.

A Índia Muçulmana


Os muçulmanos contribuíram de forma importante para a cultura indiana. Os Mughal, por exemplo, dinastia que reinou no norte da Índia por mais de 200 anos, foram responsáveis por importantes obras arquitectónicas, como o Taj Mahal, Forte de Agra, Red Forte, em Delhi, Jama Jasmid, a cidade de Fatephur Sikri, entre outras.
Essa contribuição, no entanto, foi longe de ser pacífica. Conflitos entre muçulmanos e hindus ocorrem ainda nos dias de hoje. A partição (momento em que independência foi declarada e foram criados Índia e Paquistão) teve como base conflitos territoriais e religiosos, ocasionando milhares de mortes e o maior êxodo da história da humanidade.

Os Cristãos


O cristianismo é a terceira maior religião da Índia, com aproximadamente 24 milhões de seguidores, constituindo 2.3% de população da Índia.
Os portugueses foram dos primeiros povos a levarem o cristianismo, para a Índia, e a difundi-lo pelas zonas que administravam. Hoje em dia existe uma panóplia de grupos cristãos que se expandem por toda a Índia.
Não é muito pacífica a expansão do Cristianismo na Índia. Por vezes, dão-se graves incidentes. Os novos crentes vêm do hinduísmo, e claro, as hierarquias do hinduísmo não gostam de perder fies. Mas a realidade é que o cristianismo e o islamismo são uma tábua de salvação para milhares de intocáveis. Aceitando uma nova religião que os respeita como seres humanos, ganham um novo alento para as suas vidas, em vez de se resignarem à sua condição de seres inferiores (párias) esperando um próximo renascimento numa condição mais favorável.
Aceitando uma nova religião, tornam-se conscientes dos seus direitos, tornam-se mais reivindicativos e consideram-se iguais, de pleno direito aos outros indianos.

O Sikhismo


Por volta do século XV o Islão dominava totalmente o norte da Índia e era muito intolerante, não admitindo a existência daqueles que não acreditavam na sua religião. Os hindus viveram nesse período em condições desumanas, sendo reprimidos e até massacrados. Os hindus, eram humilhados no seu próprio país, proibidos de construir seus templos e até velar os seus mortos. Nesse contexto surgiu o Guru Nanak, que mostrou que ambas as religiões estavam se distanciando dos princípios de Deus, de paz e amor na humanidade e deu início a uma nova religião: o Sikhismo, uma religião baseada nos valores universais: amor, liberdade, dignidade, tolerância, harmonia, amizade, realização pessoal, auto confiança, serviço, caridade e sacrifício.
Para um Sikh, criar riqueza não é mau, se for em benefício da sociedade e não apenas para si próprio. È uma fé baseada na realização de Deus dentro de cada um neste mundo e não depois da morte.



Filosofia


Três conceitos fundamentam o pensamento filosófico indiano: o Eu, (alma) as Acções (karma), e a Libertação. Quase todas as filosofias indianas lidam com esses três conceitos. As principais filosofias são: o Yoga que nasceu no seio do Hinduísmo; o Budismo, que é uma religião e uma filosofia de vida; o Tantra, que é uma mistura de conceitos Hinduístas e Budistas, o Jainismo, uma filosofia que tem algum paralelismo com o budismo. Mas existem outras.

Música e Dança


Existem diversos estilos musicais na Índia desde a música clássica indiana até às músicas pop dos filmes musicais. Mas é a música clássica indiana que mais chama a atenção por ser diferente. A música da Índia é essencialmente improvisada, de carácter descritivo e emotivo, baseia-se em quadros rígidos, complexos e constantes, que constituem o único elemento transmissível. Deriva de vários sistemas pertencentes a grupos étnicos e linguísticos distintos. A música indiana, não tendo notação gráfica, consiste num sistema de ragas (Base de criação musical com 5, 6 ou 7 notas relacionadas com as estações do ano, horas do dia, emoções, castas, etc.) que são memorizadas pelos executantes e que servem de base para as improvisações.
Através dos séculos as danças têm sido utilizadas como veículo de culto e de expressão das emoções na Índia.


A dança clássica indiana é inspirada pelas cenas de pinturas e esculturas de textos sagrados, daí os movimentos estilizados e curiosos, que contam por si só uma história. Curiosamente, tal estilo sofreu poucas modificações com o passar do tempo.

Arquitectura


Na arquitectura histórica destacam-se os templos. Chamam a atenção pela beleza dos detalhes e a riqueza das decorações. O Taj Mahal, situado na cidade de Agra, é uma das obras de arquitectura mais conhecidas deste país. Com influência islâmica, este mausoléu é considerado pela Unesco como um Património da Humanidade.
Uma das mais duradouras conquistas da civilização indiana é, sem dúvida, a sua arquitectura, que se estende para muito mais do que o Taj Mahal ou os complexos de templos de Khajurahoe Vijayanagara.

Literatura


Na Índia apareceram as primeiras manifestações literárias escritas em língua sânscrita por volta do ano 2500 a.C. Neste período escrevem-se os Vedas: textos religioso / filosóficos, que foram agrupados em três blocos: as Samhita, os Brahmana e os Sutra.
Depois do período pós-védico, a literatura na Índia oferece-nos dois extraordinários poemas épicos: Mahabharata e Ramaiana - que, depois de várias remodelações, adquiriram sua forma definitiva no século II d.C.
As fábulas indianas especialmente o Panchatantra e o Hitopadeza, foram levados pelos persas primeiro para a Grécia clássica e depois espalharam-se por toda a Europa. Os cantos indianos foram trazidos para a Europa medieval através dos mouros quando estes dominavam a Península Ibérica.


Na literatura indiana contemporânea, destacam-se: Rabindranath Tagore (1861-1941, prémio Nobel de 1913), autor de uma prosa lírica extraordinariamente boa, e o romancista Salman Rushdie, cuja obra ‘Filhos da Meia Noite’, em inglês, é considerada um dos melhores romances contemporâneos.

Cinema


A Índia tem uma grande indústria cinematográfica. É, em termos numéricos, a maior produtora do mundo. O número de filmes feitos na Índia é superior ao de qualquer outro país. Essa é uma paixão dos indianos. Os cinemas estão sempre lotados os indianos adoram os seus artistas.


Quase todo o cinema indiano é focado nos assuntos locais, tudo tem a cara da Índia, sem invasões culturais, preservando a identidade do país.
Actualmente o cinema indiano, é uma das maiores indústrias do mundo da sétima arte.
O filme Quem quer ser um milionário?, vencedor de oito Óscares, é um filme britânico, mas filmado na Índia e com elenco indiano.

Os filmes indianos geralmente incluem muitas cenas de música e dança. Estas músicas costumam expressar emoções e paixões, que variam entre o amor, tragédia, triunfo e celebração. Nos filmes indianos costumam usar-se cantores de playback, ou sejam artistas que cantam as músicas, e os actores apenas sincronizam os seus movimentos labiais com a voz do cantor. As melodias de um filme indiano determinam em boa parte o sucesso comercial do mesmo.
Os filmes têm geralmente entre duas a três horas de duração, com intervalo. Os temas variam entre romance, comédia, acção e suspense.
Através do cinema indiano o mundo pode conhecer aspectos da vida e do dia-a-dia da Índia.
Uma das cerimónias mais marcantes é o casamento. O casamento hindu consiste numa série de formalidades altamente simbólicos que visa consagrar a união entre os noivos.


Fazem parte desse ritual unir as mãos, colocar a grinalda de flores no amado, tocar o coração, entre outros. Outros rituais têm como objectivo invocar felicidade e a paz.
A Índia também é uma fonte de inspiração para o cinema de todo o mundo. O último filme de Julia Roberts: “Comer, Rezar, Amar”, em que uma parte do filme é passado na Índia mostra-nos uma cena dum casamento indiano.
 Outro ritual muito particular Índia, que praticamente só são possíveis de presenciar através das filmagens efectuadas, são as cremações.


Situada nas margens do rio Ganges, a cidade de Varanasi é considerada por muitos fiéis a cidade mais sagrada do hinduísmo.

O principal santuário da cidade é o Templo de Vishvanatha, com cerca de mil anos, dedicado ao deus Shiva. A estrutura actual foi construída em 1777 e foi revestida com cerca de 750 kg de ouro.
Os locais sagrados mais importantes são, no entanto, os cais dedicados à cremação. Cidade com inúmeros cais, em forma de escadaria que acompanham toda a descida do rio.
Embora existam cerca de 700 templos em Varanasi, nenhum é tão importante como o próprio Ganges.
Local onde se concentram inúmeros mosteiros, a cidade está repleta de homens que vivem em comunidade, rejeitando todas as riquezas e procurando a iluminação.
No centro da cidade ergue-se o complexo crematório mais procurado do globo. Milhares de corpos são cremados junto às margens do rio em cada ano.
O culto ritual destas cremações encontra-se num fogo sagrado mantido aceso há milénios, e entregue a uma família, os Devi, que tem como única obrigação a conservação dessa chama que é usada para atear todas as piras funerárias nas margens do Ganges.
A procura da morte em Varanasi é, assim, o grande motor da cidade.


Em torno da cidade existem as chamadas casas da entrega onde centenas de moribundos esperam a morte junto da cidade sagrada, ansiando pela cremação com esse fogo guardado de geração em geração.
Em confronto com as regras de civilização levou as autoridades a tentar o encerramento dos crematórios existentes no centro da cidade, e a leva-los para outro local. Mas não conseguiram tal intento e os que se opunham justificaram que a cidade que existe devido aos crematórios, e não o contrário.


O banho nas águas do Ganges é um momento sagrado, e milhares e milhares de praticantes fazem-no durante os eclipses lunares. Pela manhã e ao pôr-do-sol, realizam-se banhos rituais que purificam os indivíduos. As preces diárias, são entoadas para o próprio rio, oferecendo-se lamparinas a óleo.

Ciência e tecnologia


O conceito do Zero nasceu na Índia. A primeira Universidade, com o significado actual da palavra, existiu em Nalanda, no estado de Bihar, nos tempos ancestrais. A maior parte dos fundamentos da matemática do modo como entendemos hoje em dia deve-se à Índia, pois todo o sistema de numeração é indiano. Os árabes aprenderam-no na Índia e difundiram os algarismos que usamos hoje. A fórmula de Bhaskara que foi criada na Índia, é usada para resolver todas as equações de segundo grau.
As grandes contribuições da Índia para o mundo, nas áreas das filosofias e das matemáticas entre outras, não pararam. Hoje em dia a Índia na área da informática está na vanguarda, sendo o maior produtor de software do mundo.
O aparecimento da Índia como um novo e importante agente global vem prendendo as atenções do mundo, graças às elevadas taxas de crescimento próximas da casa dos 8% só superada apenas pela China.
Os grandes projectos de investigação espalhados pelo mundo contam com profissionais indianos em cargos importantes. No campo da pesquisa espacial, o telescópio Chandra, da NASA, tem o nome do físico indiano que o concebeu e é superior em tecnologia ao Hubble. Outra área importante é a biotecnologia, campo que a Índia domina sobre muitos países.




Com este trabalho tive a oportunidade de poder investigar acerca de um grande país, que pessoalmente tinha uma grade simpatia por ser apreciador das suas filosofias, mas que não tinha grande noção da sua cultura.
Através de pesquisas efectuadas na Grande Enciclopédia Lello Universal, Lexicoteca, e sobretudo na Internet, fiquei a conhecer aspectos muito importantes da sua história, da sua literatura, da sua música tanto clássica como folclórica, da sua riquíssima arquitectura e sobretudo da religião que é um dos aspectos mais importantes da cultura indiana.
Há muitos anos que sou um apreciador das filosofias Indianas. Quase todas são inspiradas no Hinduísmo, foram e continuam a ser uma fonte de inspiração para o mundo, são complexas e difíceis de descrever, foquei apenas alguns conceitos comuns a quase todas.
Tive também a oportunidade de poder investigar acerca do grande fenómeno que é o cinema Indiano. A Índia actualmente é o maior produtor de filmes do mundo. Gostaria de salientar o facto, de ser através do cinema, que a Índia mostra ao mundo alguns dos aspectos da sua cultura.
Constatei do grande esforço de desenvolvimento, que é feito pela Índia e das políticas que os seus governantes têm tentado para que este grande país possa sair do subdesenvolvimento através de políticas de desenvolvimento sustentado.
Fiquei também a saber do grande impulso que a Índia teve nas áreas das tecnologias, estando hoje na vanguarda nessa área do desenvolvimento, preparando-se para num futuro muito próximo, para surgir, como uma nova potencia económica a nível mundial.


A Índia é um verdadeiro país de contrastes, extenso e populoso, com pessoas fabulosamente ricas e outras desesperadamente pobres, onde o antigo e o moderno se combinam, onde o luxo e a pobreza, convivem, onde a beleza e a degradação se mostram. Com gente ignorante e outras extremamente sábias, onde hindus, muçulmanos e tantas outras religiões se vão tolerando; onde uma grande diversidade humana, caminha lado a lado. O povo indiano humildemente, sem grandes aparatos segue o seu caminho, resignado com o seu Karma. Aguardando dias melhores. Talvez… Numa próxima reencarnação. Fim.

                             

                                                                       




quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Índia terra de contrastes ( 5ª )















Os Vedas  (5ºparte)

Os Vedas são os textos mais antigos do hinduísmo, e também influenciaram o budismo, o jainismo e o sikhismo. Os Vedas contêm hinos, encantamentos e rituais da Índia antiga. Juntamente com o Livro dos Mortos, com o Enuma Elish, (poema épico Babilónico); I Ching (O livro das Mutações, texto clássico chinês) e o Avesta,( escrituras do zoroastrismo, da Pérsia que datam de 500 a.C.) eles estão entre os mais antigos textos religiosos existentes. Além de seu valor espiritual, eles também oferecem uma visão única da vida quotidiana na Índia antiga. Enquanto a maioria dos hindus provavelmente nunca leram os Vedas, a reverência por mais uma noção abstracta de conhecimento (Veda significa "conhecimento" em sânscrito) está profundamente impregnada no coração daqueles que seguem o Veda Dharma.
Existem quatro Vedas:
Rig Veda: Conhecimento dos hinos, 10.859 versos.
Sama Veda: Conhecimento da música clássica, 1.549 versos.
Yajur Veda: Conhecimento da liturgia, 3.988 versos.
Atharva Veda: Conhecimento da Medicina, 100.000 versos.
Upanixades: comentários aos Vedas, contendo sua essência mística.
Os Upanixades são denominados Vedanta, porque eles contêm uma exposição da essência espiritual dos Vedas. Entretanto é importante observar que os Upanixades são textos e Vedanta é uma filosofia. A palavra Upanishad significa "sentar-se próximo ou perto", pois os estudantes costumavam sentar-se no solo, próximos a seus mestres. Os Upanixades organizaram mais precisamente a doutrina védica de auto-realização, yoga, e meditação, karma e reencarnação, que eram veladas no simbolismo da antiga religião de mistérios. Os mais antigos Upanixades são geralmente associados a um Veda em particular, através da exposição de uma brâmana ou Aranyaka, enquanto os mais recentes não.
Formando o coração da Vedanta (Final dos Vedas), eles contêm a técnica de adoração aos deuses védicos e capturam a essência do dito do Rig Veda "A Verdade é Uma". Eles colocam a filosofia hindu separada e acolhendo uma única e transcendente força imanente e inata na alma de cada ser humano, identificando o microcosmo e o macrocosmo como Um. Podemos dizer que enquanto o hinduísmo primitivo é fundamentado nos quatro Vedas, o Hinduísmo Clássico, a Ioga e Vedanta, e correntes tântricas do Bhakti foram modelados com base nos Upanixades.
Puranas - Smriti.
Os Puranas são considerados smriti; ensinamentos não escritos passados oralmente de uma geração a outra. Eles são distintos dos shrutis ou ensinamentos em escritos tradicionais. Existem um total de 18 Puranas maiores, todos escritos em forma de versos. E dito que estes textos foram escritos muito anteriormente ao Ramaiana e ao Mahabharata.
Acredita-se que o mais antigo Purana provém de cerca de 300 a.C., e os mais recentes de 1300-1400 d.C. Apesar de terem sido compostos em diferente períodos, todos os Puranas parecem ter sido revisados. Tal facto pode ser notado porque todos eles comentam que o número de Puranas é 18.
Os Puranas variam muito: o Skanda Purana é o mais longo com 81.000 versos, enquanto o Brahma Purana e o Vamana Purana são os mais curtos com 10.000 versos cada. O número total de versos em todos os 18 Puranas é 400.000.
As Leis de Manu.
Manu é o homem lendário, o Adão dos hindus. As leis de Manu são uma colecção de textos atribuídos a ele.
Bhagavad Gita.
A Bhagavad Gita (Bagavadguitá em português) é considerado parte do Mahabharata (escrito em 400 ou 300 a.C.), é um texto central do hinduísmo, um diálogo filosófico entre o deus Krishna e o guerreiro Arjuna. Este é um dos mais populares e acessíveis textos do hinduísmo, e é de essencial importância para a religião. O Gita discute altruísmo, dever, devoção, meditação, integrando diferentes partes da filosofia hindu.
O Ramaiana e o Mahabharata.
O Ramaiana e o Mahabharata são os épicos nacionais da Índia. São provavelmente os poemas mais longos escritos em todo o mundo. O Mahabharata é atribuído ao sábio Vyasa, e foi escrito no período entre 540 e 300 a.C.. O Mahabharata conta a lenda dos báratas, uma das tribos arianas.O Ramaiana é atribuído ao poeta Valmiki, e foi escrito no primeiro século d.C., apesar de ser baseado em tradições orais que datam de seis ou sete séculos a.C.

Mitologia hindu Base:
BramaVixnuShiva (trindade indu)

Divindades:
Aditya • Mitra • Aryaman • Bhaga • Varuna • Daksha • Ansa • Indra • Savitri




















   Deuses auxiliares:
Ganexa • Parvati • Sarasvati • Lakshmi • Cali



         



Outros deuses:
Abhaswaras • Abhimani • Aditi • Agni • Airâvata • Akilandeswari • Amrita • Apsarás • Ardjuna • Ariaman • Asuras • Aswini • Avatar • Bali • Bavani • Bod • Bonzo • Brahm • Brahman • Brahmanes • Brahmine • Bram • Brama • Brâman • Brâmane • Brâmine • Caktis • Cakya-Muni • Calidasa • Câma • Carma Cartikeia • Chardo • Conversa • Cri • Crixna • Dastas • Darma • Devas • Durga • Dusak • Emakong • Erunia • Eruniakcha • Ganas • Ganez • Ganges • Garuda • Gautama • Guira • Hanza • Iama • Indra • Indrani • Indu • Isamia • Izvara • Kala • Kalidasa • Kalki • Kâma • Kâma-Deva • Kamagra • Kança • Kapila • Kartikeya • Kchatrya • Kchatryani • Kusa • Kuvera • Lakshmi • Lava • Linga • Lotus da Boa • Lei • Mahadeva • Manaswamin • Manava-Dharma-Sâstra • Manu • Meru • Mitra • Mitríacas • Mudevi • Muruts • Nandi • Ormazd • Para-braman • Paraçu-rama • Pârana • Párias • Parvati • Pradjapati • Pradyumna • Pritivi • Puchan • Rakshasa • Rakchas • Râma • Râma-tchandra • Ramaiana • Rati • Râvana • Richis • Rig veda • Ruckmini • Rudra • Sach • Sakra • Salamandra • Sani • Sarasvati • Shashti • Savitri • Sita • Skanda • Sôma • Soradeus • Sudra • Sudrani • Sura • Surya • Svarga • Tantras • Tantrismo • Tchandra • Tchandramas • Tchinewad • Thug • Tuas • Tugue • Twachtri • Ure • Urvace • Uschas • Vacyá • Vaixiá • Valmiki • Vamana • Varuna • Vayú • Viaça • Virabhabra • Vritza • Vyasa • Wecya • Wecyani • Xatria • Xatriani Yama • Yoni • Zend • Zervane-akerene.


              

                                                       
    




Índia terra de contrastes ( 4ª )



4ª Parte (continuação)
As práticas hindus geralmente envolvem a procura da consciência de Deus, e por vezes também a procura de bênçãos dos devas. Assim, o hinduísmo desenvolveu muitas destas práticas como forma de ajudar o indivíduo a pensar na divindade no meio à vida quotidiana. Os hindus podem praticar a pūjā (culto ou veneração) tanto em casa como num templo. Nos seus próprios lares os hindus frequentemente costumam ter um altar, com ícones dedicados às suas formas escolhidas de Deus. Os templos costumam ser dedicados a uma divindade primária e às divindades subordinadas que lhe são associadas, embora alguns templos sejam dedicados a mais de uma divindade. A visita a templos não é obrigatória e muitos visitam-nos apenas durante os festivais religiosos. Os hindus realizam seu culto através dos ícones; o ícone serve como uma ligação tangível entre o fiel e Deus. A imagem costuma ser considerada uma manifestação de Deus, já que Ele é permanente. O hinduísmo possui um sistema desenvolvido de simbolismo e iconografia para representar o sagrado na arte, na arquitectura, na literatura e nas suas liturgias. Estes símbolos estão de acordo com as escrituras, mitologia ou tradições culturais. A sílaba Om que representa o Parabrahman (Brama: o Espírito Universal) e o sinal da suástica (que simboliza auspiciosidade) acabaram passando a representar o próprio hinduísmo, enquanto outros símbolos, como a tilaka, (sinal usado na testa) identificam um seguidor da fé. O hinduísmo ainda apresenta diversos símbolos que são normalmente associados a divindades específicas, como o lótus, chakra e veena.

Os mantras são invocações, louvores e orações que, através de seu significado, som e estilo de canto, ajudam um devoto a focar a sua mente nos pensamentos sagrados ou exprimir devoção a Deus ou às divindades. Muitos devotos realizam abluções matinais às margens de um rio sagrado, enquanto cantam o Gayatri Mantra ou os mantras Mahamrityunjaya. O poema épico Mahabharata exalta o japa (canto ritualístico) como o maior dever durante o Kali Yuga que os hindus acreditam ser a era presente.

A peregrinação não é obrigatória no hinduísmo, embora muitos de seus seguidores as realizem. Os hindus reconhecem diversas cidades sagradas na Índia, incluindo Allahabad, Haridwar, Varanasi e Vrindavan. Entre as cidades que possuem templos famosos está: Puri, que abriga um dos principais templos O hinduísmo apresenta diversos festivais ao longo do ano. O calendário hindu costuma prescrever estas datas.

Estes festivais tipicamente celebram eventos da mitologia hindu, e coincidem muitas vezes com as mudanças de estação. Existem festivais que são celebrados principalmente por seitas específicas ou em certas regiões da Índia.

O hinduísmo baseia-se no tesouro acumulado de leis espirituais descobertas por diferentes pessoas em diferentes tempos. As escrituras foram transmitidas oralmente, na forma de versos para auxiliar na sua memorização, muitos séculos antes de serem escritos. Ao longo dos séculos diversos sábios refinaram estes ensinamentos e expandiram o cânone. Na crença hindu pós-védica e moderna a maior parte das escrituras não costuma ser interpretadas literalmente; dá-se mais importância aos significados éticos e metafóricos derivados deles. A maior parte dos textos sagrados está em sânscrito, e os textos se dividem em duas classes: Shruti e Smriti.

Ao contrário do que se pensa, a crença popular, do Hinduísmo não é politeísta nem estritamente monoteísta. A variedade de deuses e avatares que são adorados pelos hindus são compreendidos como diferentes formas da Realidade Única, mas, algumas vezes são vistos como mais do que um mero Deus.

Acreditando na origem única como sem forma ou como um Deus pessoal, os Hindus compreendem que a verdade única pode ser vista de forma variada por pessoas diferentes. O Hinduísmo encoraja os seus devotos a descreverem e desenvolverem um relacionamento pessoal com sua deidade pessoal escolhida na forma de Deus ou Deusa.

Uma Oração: "Saudações à Divina Mãe Durga, que existe em todos os seres na forma de inteligência, misericórdia, beatitude, que é a consorte do Senhor Shiva, quem cria, sustenta e destrói todo o universo".

A maioria dos Hindus adora muitos deuses como expressões variadas do mesmo prisma da Verdade. Entre os mais populares estão Vishnu (como Krishna ou Rama), Shiva, Devi (a Mãe de muitas deidades femininas, como Lakshmi, Sarasvati, Kali e Durga), Ganesha, Skanda e Hanuman.

A adoração das deidades é geralmente expressa através de fotografias ou imagens que são ditas não serem o próprio Deus mas condutos para a consciência dos devotos, marcas para a alma humana que significam a inefável e ilimitada natureza do amor e grandiosidade de Deus. Eles são símbolos do princípio maior, representado mas nunca presumido ser o conceito da própria entidade. Consequentemente, a maneira hindu de adoração de imagens as toma apenas como símbolos da divindade, opostos à idolatria, geralmente imposta erradamente aos hindus.

Mantra: Recitação de mantras originaram-se no hinduísmo e são técnicas fundamentais praticadas até os dias de hoje. A chamada Mantra Yoga, é realizada através de repetições. Dizem que os mantras, através das suas significados, sons e recitação melódica, auxiliam aqueles que os pratica, na obtenção de concentração durante a meditação. Eles também são utilizados como uma expressão de amor á deidade, uma outra faceta da Bhakti Yoga (yoga que conduz à comunhão divina) necessária para a compreensão de murti.( imagem pintura ou escultura) Frequentemente eles oferecem coragem em momentos difíceis e são utilizados para a obtenção de auxílio ou para 'invocar' a força espiritual interior. As ultimas palavras de Mahatma Gandhi enquanto morria foi uma mantra ao Senhor Rama: "Hey Ram!"

O mantra Gayatri é considerado o mais universal de todos os mantras hindus, e invoca o Brama Universal como um princípio de conhecimento e iluminação do sol primordial.

- Aum bhūrbhuvasvah
tat savitūrvareṇyam
bhargo devasya dhīmahi
dhiyo yo naha pracodayāt

"Ó Deus, Tu és o doador da vida, o removedor da dor e da tristeza, que garante a felicidade; Ó Criador do Universo, possamos nós receber a Tua suprema luz, destruidora dos pecados; possas Tu guiar o nosso intelecto no caminho certo.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Índia terra de contrastes o Hinduísmo ( 3ª )

3ºParte (Continuação)
Objectivos da vida humana
O pensamento hindu clássico aceita os seguintes objectivos da vida humana, conhecidos como os Puruṣārthas ou "quatro objectivos da vida":
- Dharma: Seguir por um caminho certo de acordo com os códigos morais, espirituais, de justiça, etc. Dharma é o espírito divino que define tudo no universo e que existe em cada indivíduo, no seu subconsciente. O homem só precisa ouvir o seu subconsciente e seguir pelo caminho correcto.
- Artha: É a busca da riqueza guiada pelo Dharma. As pessoas não devem procurar a riqueza pela riqueza em si, mas com o intuito de ajudar sua família e a sociedade a alcançar o bem-estar. O desejo de riqueza é diferente da ganância de riqueza. O primeiro é altruísta enquanto o segundo é egoísta. Acumular riqueza para a família e bem-estar próprio não é pecado porém de forma honesta. O Hinduísmo defende a moderação na busca pelas metas materiais e espirituais.
- Kama: Está relacionado com desejo sexual. O sexo, segundo o hinduísmo, é uma parte importante da vida humana mas a luxúria não. A luxúria, assim como o orgulho e a ganância são um dos maiores obstáculos no caminho espiritual. A actividade sexual é permitida desde que não entre em conflito com os princípios do dharma.
Kama também pode ser entendido como outras formas de prazer e divertimento. Alegrias da família, satisfação intelectual.
- Moksha: É a libertação. O Dharma, Artha e Kama são preparatórios para esse objectivo final. Moksha significa ausência de delírio. Uma pessoa chega à libertação quando consegue o auto controle, a superação dos desejos, a entrega a Deus. Há vários caminhos que levam à salvação e os principais são: o Conhecimento, a Acção, a Devoção e a Renúncia.
Karma e Samsara
Karma pode ser traduzido literalmente como a "acção", e pode ser descrito como a "lei moral de causa e efeito". De acordo com os Upanixades um indivíduo, conhecido como o “jiva-atma”, (alma individual) desenvolve samskaras (impressões) a partir das acções, sejam elas físicas ou mentais. O linga sharira, um corpo mais subtil que o físico, porém menos subtil que a alma, armazena as impressões, e lhes carrega à vida seguinte, estabelecendo uma trajectória única para o indivíduo. Assim, o conceito de um karma infalível, neutro e universal, relaciona-se intrinsecamente à reencarnação, assim como à personalidade, característica e família de cada um. O karma une os conceitos de livre-arbítrio e destino.
O ciclo de acção, reacção, nascimento, morte e renascimento é um contínuo, chamado de Samsara. A noção de reencarnação e karma é uma premissa forte do pensamento hindu. O Bagavadguitá, ("Canção de Deus", texto religioso hindu) afirma que:
- Assim como uma pessoa veste roupas novas e deita fora as roupas velhas e rasgadas, uma alma reencarnada entra num novo corpo material, abandonando o antigo.
- O Samsara (o fluxo incessante de renascimentos) dá prazeres efémeros, que levam as pessoas a desejarem o renascimento para gozar dos prazeres de um corpo perecível. No entanto, acredita-se que escapar do mundo do Samsara através do Moksha (fim do ciclo de renascimentos e morte) assegura felicidade e paz duradouras. Acredita-se que depois de diversas reencarnações um Atman eventualmente procura a união com o espírito cósmico (Brama/Paramatman).
- A meta final da vida, referida como Moksha, é compreendida de diversas maneiras: como uma realização da união do Homem com Deus; como a realização da unidade de toda a existência; como a abnegação total e conhecimento perfeito do próprio Eu; como o alcance de uma paz mental perfeita; e como o desprendimento dos desejos mundanos. Tal realização liberta o indivíduo do Samsara e termina com o ciclo de renascimentos.
Yoga
Qualquer que seja a maneira na qual o hindu defina a meta da sua vida, existem diversos métodos (yogas) que os sábios ensinaram para se atingir aquela meta. Textos dedicados ao ioga incluem o Bagavadguitá (Bhagavad Gita), os Yoga Sutras, o Hatha Yoga Pradipika, a Gheranda Samhita, entre outros, e, como sua base filosófico/histórica, os Upanixades. Os caminhos que um indivíduo pode seguir para atingir a meta espiritual da vida (Moksha ou Samadhi) incluem:
Bakti-Yoga (Bhakti Yoga, o caminho do amor e da devoção)
Karma-Yoga (Karma Yoga, o caminho da acção correcta)
Raja-Yoga (Rāja Yoga, o caminho da meditação)
Jnana-Yoga (Jñāna Yoga, o caminho da sabedoria)

domingo, 5 de dezembro de 2010

Índia terra de contrastes - O Hinduísmo ( 2ª )

O Hinduísmo é uma religião que se originou na Índia. Entre as suas raízes está a religião védica cuja origem dizem vir do tempo da idade do ferro e como tal, o hinduísmo é citado frequentemente como uma das religiões mais antigas do mundo. O Hinduísmo engloba o Bramanismo com a sua panóplia de divindades; a crença no "Espírito Universal"; e um sistema, ordenado por castas. É formado por diferentes tradições e não possui um fundador. Existem vários tipos de Hinduísmo, várias visões do Hinduísmo, várias denominações, que tudo somado, fazem do Hinduísmo a terceira maior religião do mundo logo a seguir ao Cristianismo e ao Islamismo, com aproximadamente um bilião de fiéis.
As escrituras Hindus dividem-se em Shruti "revelado" e Smriti "lembrado". Estas escrituras discutem a teologia, filosofia e a mitologia Hindu, e fornecem informações sobre a prática do dharma (vida religiosa). Estes textos: os Vedas e os Upanixades possuem a primazia na autoridade, devido à sua antiguidade.
Os hindus acreditam num espírito supremo cósmico, que é adorado de muitas formas e, é representado por divindades individuais.
A teologia Hindu fundamenta-se no Trimurti: uma trindade constituída por Brama, Shiva e Vishnu. Tradicionalmente o culto directo aos membros da Trimurti é relativamente raro em vez disso, prestam culto aos avatares, que são manifestações corporais da divindade suprema: Brama. Os avatares, são mais específicos e mais próximos da realidade cultural e psicológica dos praticantes.
Definições do hinduísmo
O hinduísmo não tem um "sistema unificado de crenças, codificado numa declaração de fé ou um credo", mas sim uma doutrina que engloba a pluralidade de fenómenos religiosos que se originaram e são baseados nas tradições védicas.
O hinduísmo é uma corrente religiosa que evoluiu organicamente através dum grande território marcado por uma diversidade ética/cultural significativa. Esta corrente evoluiu tanto através da inovação interior como pela assimilação de tradições ou cultos externos ao próprio hinduísmo. O resultado foi uma variedade enorme de tradições religiosas. Temas proeminentes nas crenças hindus são: o Dharma:práticas dentro da ética hindu; Samsara: o contínuo ciclo do nascimento, morte e renascimento; O karma: acção e consequente reacção; O Moksha: fim do ciclo de renascimentos e morte: a libertação do Samsara e os diversos Yogas: caminhos ou práticas.
Conceito de Deus
A crença prevalecente do Hinduísmo é que há apenas uma única deidade Suprema e Absoluta, chamada Brama. Contudo, o Hinduísmo está normalmente associado com uma multiplicidade de formas de adoração a Deus, e não dá preferência a nenhuma forma particular sobre outra. As formas de deuses e deusas no Hinduísmo são milhares, e representam sempre, os múltiplos aspectos do Brama. Todos os inumeráveis nomes e formas de Brama constituem o que é conhecido no Ocidente como politeísmo, mas Deus é somente um e um só. De modo semelhante como Nossa Senhora tem muitos nomes e atributos no Cristianismo Católico, e mesmo assim é a única e a mesma, assim também é a forma como um hindu vê Deus.
As mais famosas formas das Deidades Hindus são, sem dúvida, o Trimurti (também conhecida como trindade Hindu), onde está Brama: o criador; Vishnu: o conservador, e Shiva: o transformador ou destruidor. As Deidades indianas são representadas por uma enormidade de imagens e ídolos, simbolizando o poder Divino. Muitos destes ídolos estão alojados em templos de incomparável beleza e grandiosidade, mas a grande maioria está nas casas das pessoas, e são oratórios familiares.
Devas e Avatares
As escrituras hindus referem-se a entidades celestiais chamadas "devas" na sua forma feminina que pode ser traduzido como "deusas" ou "seres celestiais". Na mitologia hindu os devas equivalem aos anjos do Cristianismo. Os devas são uma parte integrante da cultura hindu, e foram retratados na arte, na arquitectura e através de ícones e histórias mitológicas. Eles estão relatadas nas escrituras da religião e, particularmente na poesia épica indiana.
Os épicos hindus relatam diversos episódios da descida de Deus à Terra em várias formas corpóreas para restaurar o dharma e guiar os humanos ao Moksha. Eles transcendem para a criação material e assumem o nome de Avatar. Os avatares são encarnações do Ser Supremo, normalmente Vishnu.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Índia terra de contrastes ( 1ª )


A Índia: lar de civilizações. Sempre foi identificada pela sua riqueza comercial e cultural ao longo dos séculos. Essa vasta região que hoje faz parte da Índia foi invadida e dominada por vários povos, que lhe conferiram uma identidade muito própria. A última potência dominante foi a Reino Unido, mas tornou-se independente em 1947, após uma longa luta pela independência que foi marcada pela filosofia da não-violência. A dominação Britânica teve a virtude de unir os vários reinos numa só nação. Dividindo-a mais tarde, um pouco antes da independência, em duas grandes nações: a Índia e o Paquistão, por disputas religiosas inconciliáveis.
História
A Índia foi o berço de uma grande civilização. Está localizada ao sul da Ásia e devido á sua situação geográfica, durante longo tempo ficou isolada dos outros povos.
Na antiguidade entre os povos que habitavam a região que hoje faz parte a Índia, sobressaíram os Drávidas, um povo com um elevado grau de civilização. Porém, esse povo não resistiu aos invasores e, entre 1750 a 1400 a.C., foi dominado por tribos Arianas vindas do norte que invadiram e dominaram toda aquela região.
Os Arianos fixaram-se como classe dominante no poder e dividiram os povos da antiga Índia por castas de acordo com a cor da pele. As castas eram classes sociais muito rígidas, sem possibilidades de mudança. Era proibido, por exemplo, a uma pessoa de uma casta casar-se com outra de casta diferente. Quem nascia numa casta permanecia nela até morrer.
As castas estavam ligadas à religião e às diferentes profissões. Acreditavam que as castas saíram do corpo de Deus que ali se chama Brama.
As castas permaneciam fixas, sempre na mesma posição social. Qualquer desrespeito a uma casta superior era punido com a expulsão do indivíduo da sua casta ou rebaixamento para a condição de pária. Uma vez expulso, era submetido aos trabalhos mais humilhantes e era considerado um impuro ou pária.
Era hábito, os hindus banharem-se nas águas do rio Ganges, o rio sagrado! Mas os párias estavam proibidos de o fazer, e de frequentar os templos e até de ler os ensinamentos sagrados.
Todos esses preceitos continuam em voga nos dias de hoje! Ou seja, apesar do sistema de castas ter sido proibido por lei, ele continua nos dias de hoje a fazer-se sentir na sociedade indiana.

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Seixal, Setúbal, Portugal