Pôr do Sol no Alentejo

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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Contra a Parede


No fim da tarde
Pôr-me-ás contra a parede
Como quem chega cheio de furor.
Vais-me dizer que tens sede,
Sede de amor.
Eu ficarei calado, ouvindo.
Tu também, não dirás cousa alguma,
Limitar-te-ás a tocar meu corpo quente.
Desejarás saber a sua reacção,
O que é que ele sente...
Contra a parede, na pele experimentarei
O contacto da ponta dos dedos teus.
Hei-de conhecer que és por dentro
Através da relação com o teu exterior;
Então ao final nós faremos amor.
Rematarei o acto com um gesto brusco
De levantar-me a retornar à parede,
Após ter buscado um lápis qualquer
Para ali gravar confusas palavras ternas:
"Eu o quero e ele também me quer".

Poema de: Ricardo Fernandes

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