Auto-retrato
Magro,
de olhos azuis, carão moreno,
Bem
servido de pés, meão na altura,
Triste
de facha, o mesmo de figura,
Nariz
alto no meio, e não pequeno;
Incapaz
de assistir num só terreno,
Mais
propenso ao furor do que à ternura;
Bebendo
em níveas mãos, por taça escura,
De
zelos infernais letal veneno;
Devoto
incensador de mil deidades
(Digo,
de moças mil) num só memento,
E
somente no altar amando os frades,
Eis
Bocage, em quem luz algum talento;
Saíram
dele mesmo estas verdades,
Num
dia em que se achou cagando ao vento.
Alguns poemas de Bocage:
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