Pôr do Sol no Alentejo

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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Acertos e Desacertos


Trinta anos já passaram! Mário estava pensativo: como era possível enganar alguém durante tanto tempo?  Olhava para a sua mulher que serenamente fazia o jantar para ambos. Os filhos já se casaram e tinham as suas vidas, agora estavam sozinhos.
Se Margarida soubesse que ele desde sempre repartiu os seus afectos com outra, provavelmente morreria de desgosto (pensava ele) seria horrível e ele jamais queria que isso acontecesse!
Porém, jamais deixaria Marta, a sua amante de sempre, antes de conhecer Margaria já andava com ela. Marta foi a mulher da sua vida! Amou-a com uma paixão intensa e também a odiou até ao seu âmago mais profundo, depois voltou a amá-la mas mais moderadamente.
Ele e Marta eram da mesma idade, conheceram-se com dezassete anos e apaixonaram-se perdidamente! Viveram intensamente esse amor durante três anos, depois nuvens negras do ciúme dispersaram essa paixão. Mal entendidos:
- Numa festa que estava previsto irem os dois, aconteceu um problema familiar a Mário e ele não pode ir, porém insistiu para que ela fosse com as amigas e ela acabou por ir. Entretanto ele depois de prestar assistência á família, ainda foi a tempo de ir á festa. Quando lá chegou viu Marta a dançar uma música romântica com outro, logo com o gajo que ele mais odiava. Saiu porta fora e cego de raiva, não a quis ver mais!

O seu desgosto foi grande! Ela bem tentou demove-lo explicando o porquê de ter dançado com o outro mas ele estava com o seu orgulho demasiado ferido para aceitar desculpas ou mesmo para ouvi-la!
O tempo foi passando ele teve outros namoros passageiros até que um dia conheceu Margarida: linda, meiga, pura e intensamente apaixonada por ele. Mário também gostava dela, não era nenhuma paixão, mas sim um gostar moderado, o suficiente para casar com ela.
Marta tinha-se tornado  professora de português e lá na escola onde leccionava tinha um colega que estava apaixonado por ela e ela acabou por corresponder casando com ele.
Um dia Marta e Mário encontram-se: cruzaram-se na rua, cumprimentaram-se e ficaram a conversar, primeiro de uma forma reservada, depois pouco a pouco foram recuando no tempo e á medida que analisavam o passado iam ficando mais íntimos. Quatro horas passaram num ápice tinha-lhes parecido cinco minutos. Despediram-se abraçando-se, um arrepio percorreu o corpo de Mário: aquele perfume, aquele cabelo, aquele corpo…
Marta enquanto se dirigia para o carro o seu corpo tremia de emoção, ainda não tinha ligado o carro quando tocou o telefone era Mário, atendeu-o com sofreguidão…
Poucos meses depois divorciava-se do seu marido, não o amava, mas não o queria enganar! O caso de Mário era diferente, tinha dois filhos e ela não iria fazer pressão para ele deixar a mulher e os filhos!
Porém, o comportamento de Mário não passou despercebido a Margarida: por mais que ele disfarçasse, o seu comportamento era diferente: longas ausências, chegar muito tarde a casa e desculpas esfarrapadas. Esse comportamento fez com que Margarida investigasse o que se estava a passar. Rapidamente descobriu o relacionamento de seu marido com Marta.
Margarida tem um comportamento reservado e uma forma de estar calma e discreta mas, corajosamente decidiu enfrentar a mulher que se lhe intrometeu entre ela e o marido.
Marta recebeu-a em sua casa e teve uma longa conversa com Margarida, contando-lhe toda a sua vida: também Margarida expôs tudo o que lhe ia na alma. No final as duas mulheres não ficaram amigas mas também não ficaram se odiando. Ambas compreenderam as posições de cada uma! Não fizeram qualquer espécie de acordo mas cada uma delas particularmente, decidiu não contar a Mário aquele encontro. Marta sempre esperou que Margarida encostasse Mário à parede e lhe exigisse que ele escolhesse uma, entre as duas! Mas Margarida preferiu ignorar Marta. Talvez temesse que se abrisse o jogo fosse o fim do seu casamento. Era certo que ele passava algum tempo com Marta mas estava muito mais tempo com ela. Mário comportava-se como um marido normal: era carinhoso com ela e com os filhos dava-lhes toda a assistência que eles precisavam e na parte sexual ela também não se podia queixar, ele estava sempre pronto! Sendo assim Margarida tentou esquecer que ele tinha outra.
Por seu turno, Marta sempre teve esperança de ter Mário só para si, porém os anos foram passando e habituou-se a tê-lo somente durante umas horas por dia e em algumas ocasiões, uma noite toda! Rapidamente compreendeu o raciocínio e o comportamento de Margarida e decidiu que assim ficasse! - Ora então, que assim seja… Dividimo-lo!
 Contudo, trinta anos já passaram!

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